Daniel Braga |
E o que esperamos nós, como
cidadãos conscientes e ativos e que acreditamos num conceito de democracia
participada por todos e para todos? E o que fazer do nosso sistema político,
todo ele minado por uma teia de interesses e falível a qualquer forma de
corrupção, venha ela de onde vier? Qualquer debate que se faça em redor da
política deve questionar e introduzir a reforma do sistema político associado
ao próprio sistema eleitoral de representação proporcional – método de Hondt –
e ao sistema maioritário nos diversos actos eleitorais desde a eleição do
Presidente da República, passando pelas autárquicas, legislativas, regionais e
europeias, introduzindo o chamado voto preferencial e os círculos uninominais,
do agrado de muitos, como Pedro Santa Lopes e outros. Outro denominador comum
será o do excessivo número de deputados num País tão pequeno. Passar de 230
deputados para 180 ou 181 deputados (para evitar mais casos como os do queijo
limiano, de tão triste memória) terá de ser uma prioridade. E depois remunerá-los de forma consentânea
com o prestígio do cargo que ocupam para evitar sistemas opacos de falta de
transparência e de regime de incompatibilidades que originam inúmeros conflitos
de interesses e casos de ilegalidades à face da lei. Um estatuto remuneratório
consentâneo implicaria também um exercício melhor da atividade parlamentar e
também o direito de se lhes exigir responsabilidades perante a falha e a
incompetência. Em conclusão: menos
políticos, mais bem pagos e assessorados e com regras muito mais exigentes na
prevenção de conflitos de interesses.
Por outro lado exigir-lhes,
enquanto representantes eleitos pelo povo, uma relação de proximidade com os
seus eleitores, proporcionando-lhes mesmo oportunidades para a sua deslocação
aos locais por onde foram eleitos para ouvirem as diferentes sensibilidades de
quem os elegeu. É deste modo que se exerce uma verdadeira atividade parlamentar
de proximidade e descentralizada. Por último, não podemos ignorar que o nosso
sistema político é hoje um sistema de partidos. Para o
melhor e para o pior o acesso ao poder faz-se hoje em Portugal através dos
partidos. Para haver democracia, a vontade popular tem de estar sempre
representada e a voz do povo deve ser ouvida e tida em conta. Já não chega a
voz dos Partidos “novos ou velhos”. Tem que mudar a forma de fazer política. A
maioria das pessoas está cansada desta forma de fazer política, as pessoas
estão fartas de verem sempre as mesmas caras a prometerem mundos e fundos, que
logo a seguir se esquecem de cumprir mal são eleitos. As pessoas não querem saber
dos políticos poque não lhes reconhecem nem competência nem capacidade para
exercerem com lisura os cargos para que foram eleitos. Este sistema,
enquisolado e ultrapassado, afasta as pessoas da política em vez de
aproximá-las. Daí a abstenção elevadíssima
a cada eleição que ocorre e enquanto não mudar algo , as pessoas continuarão a
não acreditar neste sistema político e nesta forma de exercer política em
Portugal.