14/12/2014

TAP o que queremos dela?



Mário Russo
OS 12 sindicatos da TAP pretendem fazer uma greve depois do Natal, cujas consequências na economia nacional, só na restauração e hotelaria, é estimada em mais de 200 milhões de uros.
Do lado da empresa são estimados 36 milhões de prejuízo, que se somam aos já 25 milhões das paralisações realizadas este ano.
O argumento é a prometida privatização da companhia a 66% decretada pelo governo. Estas verbas deveriam merecer uma reflexão muito séria, pois é o povo português que paga a fatura. Não são os trabalhadores da TAP, que ganham verdadeiras fortunas, comparado com a maioria dos trabalhadores portugueses, sendo trabalhadores do Estado.
O Governo continua a insistir com a tese da privatização com o argumento verdadeiro de que a empresa precisa de injeção de capital e com o argumento falso de que o Estado não o pode fazer por ser proibido por Bruxelas. É falso porque não seria injeção numa empresa portuguesa particular, mas estatal, cujo dono único é o Estado, logo, em qualquer parte do mundo o dono de uma empresa pode injetar capital na empresa de que é o seu detentor. Mal seria o contrário.
A proibição da UE tem a ver com a distorção da concorrência, mas trata-se de empresas de que o Estado não é o acionista.
A fúria privatizadora do Governo PPC é que está à mostra neste braço de ferro que causa prejuízos a terceiros, logo, crime. Por outro lado, os sindicatos da TAP têm ao longo dos anos sido coveiros da empresa, preocupados unicamente com o seu umbigo, pois são responsáveis na última década por milhares de milhões de prejuízos sem nunca terem sido responsabilizados por tal descalabro, nem os Governos resolveram verdadeiramente a situação da empresa.
Uma empresa de bandeira, importantíssima para a dinâmica da economia nacional não pode ser privatizada porque o que acontecerá à TAP vai ser o mesmo que aconteceu aos centros de decisão CIMPOR, desbaratada pelos brasileiros, ao contrário das juras antes da privatização, bem como da criminosa decisão incompetente e prepotente, primeiro de Sócrates e depois de Passos Coelho que deixou cair a golden share da PT e a destruiu. Quem pensar o contrário pode acreditar no Pai Natal, que é a quadra festiva própria.
O Governo, caso fosse patriota e competente, reestruturava a sério a companhia, enxugando-a adequadamente , quer seja pela injeção dos capitais necessários, porque não pode argumentar falta de dinheiro porque foram injetados em empresas privadas: BPN, BPP, BANIF, BES, mais de 15 mil milhões, sem que a UE pestanejasse nem os governos qualquer pejo. Os argumentos para não o fazer são tão falsos que até dói. Mas são, sobretudo, criminosos, porque põe os trabalhadores portugueses a pagar também mais estes dislates governativos.
Capitalização adequada, estratégia definida, limpeza de parasitas que gravitam há décadas na companhia, legislação específica para a gestão da empresa, bem como atualização da legislação sobre a greve de modo a precisar bem o que é legítimo e o que é classificado “fait divers” dos sindicalistas preocupados com a sua agenda (serviria para todos os sindicatos) e teríamos outra empresa sem os cancros que a enfermam há décadas.