14/12/2014

CRÓNICA DE GENEBRA



Nélson Magalhães Fernandes 
" AMOR DE PERDIÇÃO"
Introdução
Caros leitores, o texto que vou escrever, quero dedicá-lo a três personagens qual deles o mais díspar dos outros, contudo eu vou procurar ser suficientemente explícito na contextualização, de modo a definir com interesse para os LEITORES DO CLUBE DOS PENSADORES, o valor de cada um.
Creiam que todos três têm um potencial critico, fora do comum por isso os trago até Vós.
O meu Pai com os seus 85 anos e a quem eu aproveito para dedicar esta crónica.Voltarei a sua faceta noutro texto. Sem Ele eu não estaria aqui.
Camilo Castelo Branco, cuja obra (que li, quase na integra) modelou a minha personalidade. Sem Ele também não estaria aqui.
E CALOUSTE GULBENKIAN, esse BENEMÉRITO DE PORTUGAL que nesta data, do outro lado da " Matéria" nunca imaginou que sua Escolha Lusa, viesse a ser tão Pauperrimamente deslocada do ALVO. Sem Ele também não estaria aqui.
Ao primeiro que ainda é vivo eu desejo um NATAL como aqueles natais que passamos os dois, vão lá cinquenta anos, para aqueles lados do Barreiro, ou seja sozinhos, miseráveis, mas crentes num amanhã...!
Aos dois segundos REQUIEM ETERNUM.
Camilo; graças aos teus livros " da capa brumelha", como o meu Pai dizia levei altas tareias deste, pois que, o que ele queria era que eu guarda-se o gado, em vez de ler...!
Com ou sem porrada li os teus, li Eça, li Alexandre, li JÚLIO DINIS ...! " A Morgadinha dos Canaviais, as Pupilas do Sr. Reitor...! e tanto mais...!
Que coisa maravilhosa, estar a ler e transportar-se " téléportar-se" no tempo para outros mundos que nos precederam...!
Agora TU ARMÉNIA NO CALOUSTE, que gana Te deu para ires terminar os Teus dias em Portugal...?
Não precisas responder porque eu sei...!
Nesses próximos longínquos tempos, UM HOMEM DA TUA CRAVEIRA, vivia em segurança em Portugal. É certo que muitos compatriotas meus dessa época viviam miseravelmente, como os meus Pais que não tinham pão para me dar, mas vivia-se e foi GRAÇAS A TI CALOUSTE e as TUAS BIBLIOTECAS ITINERANTES que iam até aos mais ermos, recantos de Portugal, que eu tive acesso à leitura de milhares de livros que devorei, entre o espaço de cada mês que a TUA OBRA E DESEJO, PRODUZIAM FRUTOS.
Vão lá cinco anos passei uma PASCOA em companhia dos Teus Compatriotas Arménios da actualidade, em Genebra e falei-lhes de TI. Pelo que me toca, bem mereces a honra de Te lembrar...!
Um dos teus bibliotecàrios itinerantes de Viseu deu-me um dia a ler o "Amor de Perdição" com o dever de não dizer a ninguém, que o lera. Eu tinha apenas 13 anos e dessa idade, era proibido lê-lo, nesses tempos...!
Sabes CALUSTE, hoje aterram em Portugal, senhores com fortunas largamente superiores ao que LEGASTE a Portugal. Contudo não são destinadas, a enviar nenhuma biblioteca itinerante, percorrer um qualquer iteneràrio.
Chamam-lhes eles os( Mendigos Governantes da actualidade Portuguesa) " Passaportes VIP ou GOLD ", pouco importa, o ITINERÁRIO JÁ ESTA PROGRAMADO DE AVANÇO. Muito Te agradeço CALOUSTE, já na Faculdade De Direito de Lisboa ir buscar livros gratuitamente para estudar, à Tua Biblioteca na Praça de Espanha.
OUTROS TEMPOS OUTROS AMORES. A CADA AMOR SUA PERDIÇÃO. MESMO O ZÂNGÃO, ESCOLHIDO PARA SE ACOPLAR COM A RAINHA ABELHA, MORRE APÓS A COPULA..!
Só o Homem o auto-denominado animal inteligente, abandona o único "Amor Exaltante", aquele que enche a alma e nos transporta numa outra dimensão, renega tudo e todos, para se deixar perdidamente enlouquecer por uma coisa tão banal e efémera como o DINHEIRO.
" Ó SIMÃO BOTELHO como os tempos mudaram...!!! Tu a deixares a Barra do Douro rumo ao desterro e a Tua Bem Amada a morrer de Amor por Ti no Convento...!
Ó Botelho o louco amor hoje é o dinheiro. Por dinheiro faz-se tudo. O dinheiro até já não existe mais. Agora chamam-lhe o BIT COIN ( bit= bocadito em Inglês ) ( coin= canto em Francês). Ninguém vê mais dinheiro algum. O salário é pago por transferência bancária e consumido pelo mesmo meio. Foi um nem viste-lo...!
Por dinheiro mata-se. Por dinheiro morre-se a atravessar o Mediterrâneo e não só. Por dinheiro leva-se a mulher à borda da estrada. Por dinheiro deixa-se a família e os amigos. Por dinheiro, negam-se e denegam-se todas as verdades. Por e pelo dinheiro, formam-se governos de imbecis, egoístas e incompetentes. Doa a quem doer viva o dinheiro.
Sem dinheiro morre-se: de fome, de frio, de miséria, de vergonha (de não o ter, como os outros), de doença, por falta de tratamento, por falta de medicamentos. Também sem dinheiro; não há prendas de NATAL ( e Natal sem prendas não é um), nem perfumes, nem carros novos, nem gasolina para o depósito, ainda que dos eventualmente velhos, nem férias no Algarve ou na estranja. Nem vestidos, soutien gorge ou mesmo um banal string.
Com o " Deus " dinheiro compra-se tudo, mesmo a purificação do Nome por mais putrefacto e fedorento que seja.
Não se vai mais " Desterrado como o pobre amoroso, Simão Botelho" do Camilo...!
Os amorosos perdidos do " TIPO NOVO " são condenados a desterros, na Aldeia do lado, e metem-lhes, não como às vacas aqui na Suíça um Sino ao pescoço, mas uma abraçadeira na perna...!?!
Reminiscências das nossas andanças por ANGOLA e das suas " MORENA DE ANGOLA QUE LEVA O CHOCALHO AMARRADO NA CANELA".
Patéticos humanos. Que ilusão a do invisível dinheiro. Já o CRUCIFICADO se questionava vão lá dois mil anos...!
" Vendilhões do Templo...!"
Ora no dia em que os humanos acordarem da letargia, e caso queiram, pode-se perfeitamente viver sem o invisível dinheiro. Pela minha parte dou-vos uma dica. Há dias fui fazer um trabalho à padaria aonde vou todas as manhãs comprar  o pão. Chegado o momento de fazer contas disse eu ao padeiro, que me pagá-se com o consumo de pão durante um mês. Dito e feito....!
Atenção, o troco não funciona aqui na Suíça. Aqui, é o "Deus" dinheiro que comanda...!
Não desesperem: a ARGENTINA entrou em desfalque. Faliu. Começou a fazer o TROCO. Continua a ser um País Rico e hoje, até já nem quer outra coisa que o TROCO.
Complicado...? Não simples...! Eu produzo batatas vou ao supermercado levo-as e trago arroz e massa. O comerciante troca as batatas a quem produzir arroz.
Caros Leitores. Parem um instante. Fechem os olhos. Procurem imaginar um qualquer rumo para a vossa vida completamente diferente de tudo o que já viram e imaginaram até hoje.
Quem sabe se quando abrirem os olhos, de repente a vossa vida tome outro rumo.
Sejam todos muito felizes e não percam a fé, no "AMOR DE PERDIÇÃO ...! o verdadeiro. O resto vêm por acréscimo.