28/11/2014

Manuel Pizarro e José Maria Costa em debate no Clube dos Pensadores, com José Sócrates um ausente presente



Um debate entre duas figuras do PS , uma apoiante de António Costa, Manuel Pizarro  e outra apoiante de António José Seguro, José Maria Costa . A sala estava cheia numa noite de frio e chuva e com a entrevista de Pedro Passos Coelho na RTP.  Muita gente veio ao debate em vez de ficar no conforto do lar.

Este debate teve como assunto incontornável José Sócrates e a vida interna do PS. José Maria Costa , mais contido e discreto não deixou de enviar recados para o Congresso sendo contra a atribuição da presidência do PS a Carlos César . É de opinião que deveria ser uma figura não tão ligada à candidatura interna de António Costa nas eleições primárias.

Quando Joaquim Jorge afirmou que não gostou das contas de mercearia logo a seguir à disputa das eleições internas do qual Costa venceu folgadamente com score a rondar os 70%. Ficou decidido que os lugares seriam distribuídos  70% para os apoiantes de António Costa e 30% para os apoiantes de António José Seguro. José Maria Costa mostrou-se contrário a  esta metodologia que não cai bem na opinião pública , assim como recolocar as subvenções vitalícias. António Costa não deveria ter autorizado que o PS fosse a favor de os deputados e políticos recebessem as subvenções vitalícias. Por outro lado, os partidos tardam a perceber que a lógica de quotas e dos interesses localistas tem de mudar. Tardam em perceber que têm de apresentar propostas adequadas às necessidades do país e não de ciclos eleitorais. São hoje as questões da governabilidade que se colocam a todos nós e estes são também grandes desafios à Democracia em Portugal.

Manuel Pizarro  defendeu até à exaustão José Sócrates e que não acha que se possam fazer julgamentos na praça pública e que num estado de direito à  presunção de inocência , sendo contra a violação do segredo de justiça . Foi um momento de algum frisson quando Joaquim Jorge não deixou de salientar que Manuel Pizarro foi membro de um governo de José Sócrates, pelo dever de lealdade deve defendê-lo e que só lhe fica bem, não podendo ser de outro modo.
Porém fez-lhe ver que nesta questão há muitos portugueses que acham que José Sócrates é um assunto de justiça  fora do âmbito da política e aguardam o desenrolar dos acontecimentos para bem da nação e dos dinheiros públicos. Quem comete um crime deve ser punido. Está completamente contra a tentativa de pressão sobre a justiça relembrando que o juiz Carlos  Alexandre já foi alvo de ameaças e de assalto na sua residência. Isso é intolerável. Devemos aguardar que a justiça funcione. Outros porém acham que José Sócrates é inocente e é um absurdo a sua prisão preventiva. Tudo que está acontecer é uma cabala.

Manuel Pizzarro, com humor e de forma exuberante, na sua intervenção, salientou as causas possíveis da nossa crise pela falta de competitividade . Portugal não é um país competitivo e isso não é um problema exclusivo de Portugal . As causas possíveis foram a criação do Euro, desapareceram os mecanismos de ajustamento financeiro. O alargamento da Europa a leste que  criou desequilíbrios. E o acordo mundial de comércio e a sua liberalização.

Por fim, salientou que há duas formas de ver as coisas : há quem ache que Portugal se torna mais competitivo com uma reestruturação outros que é preciso investimento público para evitar o empobrecimento e fazer andar a economia . Realçou que a  nossa dívida pública desde 2011 , passou de 93% para 134%.

Na assistência esteve presente Narciso Miranda. O próximo debate é dia 15 de Dezembro fechando o ciclo de debates, em 2014.