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Mário Russo |
O seu discurso é franco, simpático e sobretudo, transparente,
firme e convicto. Irradia simpatia, o que é uma faceta importante para as lutas
políticas que diz estar preparada para encetar. Para já em diálogo com o
“Partido Livre” fundado por um antigo companheiro Bloquista, Rui Tavares.
Daniel Oliveira é a expressão da força da natureza.
Fleumático e contundente. Muito objetivo no que diz ser o essencial da sua luta
e disponibilidade e generosidade em dar um pouco de si para regenerar a
política e a democracia que se faz e vive em Portugal, que está em crise. Teceu
argumentos que explicam, em parte, este estado de coisas, extensivo à Europa e contrariou
a ideia feita de que todos os políticos são iguais, que são incompetentes e que
são corruptos. Pretende lutar para que esta percepção não seja uma realidade na
vida portuguesa. Está disponível para combater a ideia feita de que a situação
nacional e o caminho levado pelo Governo PPC é inevitável, com o discurso de
que Portugal para sair da crise tinha de empobrecer, executando à risca o
programa político de governo feito pela Troika, como bons alunos executores das
políticas tecidas pelos credores, traindo as promessas e os votos em quem os
elegeu com promessas. Daniel Oliveira não concorda com outra das ideias que se
quer fazer crer, que é o novo deus, “os mercados”, que são uma entidade divina,
que pensa, que não gosta, que não quer, que impõe. É o discurso do medo.
Recusar o discurso da inevitabilidade e do medo e aprender a
dizer não à Europa, que em vez de ser parceira é, afinal, punidora, é que é o
caminho da soberania. O poder social é capaz de contrariar o que é inevitável
imposto por outros.
A sua disponibilidade para discutir o triplo vértice do
problema nacional: (i) o tratado orçamental; (ii) a dívida externa e (iii) o Estado social, não
abdica deste último, ou seja, nem mais um corte à educação, à saúde e às pensões.
Sobram, por isso, dois vértices e aí é que se centra a discussão de como fazer
esse equilíbrio.
Ambos acham que a dívida, como está, é impagável e para se
ser sério é preciso reestruturar, como quase todos acham, com exceção da
teimosia de PPC e mais uns quantos que se lhe seguem, tentando iludir a opinião
pública que reestruturar é não pagar. Na verdade não está em causa não pagar,
mas a forma como se deve fazer. A responsabilidade é partilhada entre devedor e
credor. É, pois, uma questão de ética.
Ana Drago fez referência ao levantamento de consciência
popular do 15 de Setembro mas que se esfumou pela fragilidade social
portuguesa, ao contrário de Espanha em que os movimentos sociais se organizaram
e estruturaram e já têm força política traduzida em votos. Em Portugal, quando
emergem lideranças nos movimentos sociais, os partidos políticos tratam de os
cooptar, silenciando-os de seguida ao dilui-los na turba existente (digo eu).
Foram várias as perguntas da plateia que tornou o debate muito rico e vivo,
numa sala completamente à pinha.
Quer Ana Drago, quer Daniel Oliveira, foram uma agradável
surpresa para este escriba, porque tinha-os em conta de contestatários do poder
mas sem ambição por ele, o que os tornaria inconsequentes. São generosos na sua
luta, porque querem que o retorno de uma participação cívica ativa e em
liberdade seja materializado em garantias sociais fundamentais para cimentar a
solidariedade e os laços sociais numa sociedade mais justa e livre e sem medo.
Ambos prometeram a Joaquim Jorge que voltariam a este fórum
logo que se constituíssem candidatos… num futuro próximo. Parabéns Joaquim
Jorge, este debate fortaleceu mais a marca CdP e parabéns aos convidados.