10/10/2014

Marinhices


Marinho e Pinto é o máximo. Está contra os partidos e formou um novo partido. Procura passar uma imagem  de cidadão acima de qualquer suspeita. Vai fazer o streaptease das suas contas pessoais no Parlamento Europeu, desde comprovativo de remuneração, subsídio ou reembolso de despesa. Todavia recusa dizer se recebeu subsídio de reintegração da Ordem dos Advogados (OA) quando foi bastonário. Por outro lado quando chegou a bastonário em 2008 preconizou a criação de um vencimento para si próprio equivalente ao vencimento do presidente do Supremo Tribunal de Justiça e do procurador-geral da República, à volta de 6.630 €. Era o único membro dos órgãos estatutários que era remunerado.
Outra marinhice de Marinho e Pinto que exigiu exclusividade no cargo de bastonário, preconizou manter o seu vencimento depois de cessar funções por um período de tempo. Ficou decidido que esse subsidio seria equivalente a metade do vencimento anual. Qualquer coisa como 54.460€. 
Este Marinho e Pinto  é uma figura, mas fala na primeira pessoa, mas para os outros. Analisando os relatórios da OA revela , por exemplo que em 2009 ganhou 120.000€ - cerca de 30% do total gasto pela Ordem em honorários. 
Para além de instituir a si próprio um ordenado na OA, não deixou de ter carro de serviço, com combustível pago,portagens e motorista de serviço. Esta marinhice não tem nada de novo, todos os políticos sempre que podem arranjam este tipo de serviço- extra e outros.
Porém não fica bem para quem diz que é diferente e não utiliza as instituições para si próprio.
Eu, depois eu, e acima de tudo eu. Acha que um deputado europeu ganha imenso dinheiro para o que faz, mas não abre mão, nem abdica desse salário chorudo. 
Marinho e Pinto defende mudanças no sistema político, na lei eleitoral e preconiza alterações que a maioria dos cidadãos mais atentos está de acordo e subscreve. Muitos já as defendem há muito tempo, ainda Marinho e Pinto era bastonário.
Porém Marinho e Pinto, a personagem que quando abandonou o lugar de bastonário disse logo a seguir que gostaria de ser Provedor de Justiça ou Ministro da Justiça.
Acho que as coisas estão mal mas não podemos querer correr com os políticos todos e que venham outros que pelo que se vê podem não ser melhores.
A tendência é essa, mas pelo que vemos pela Europa fora essa esperança de mudança pode tornar-se um tormento.
A única forma de se pressionar o sistema político e estes políticos será a abstenção. A sua legitimidade sai diminuída e ferida de morte. São na mesma eleitos não fazem caso mas o sistema implodirá por dentro.
Estas  marinhices fazem pensar e agitar as águas. Mas gosto mais da atitude de António José Seguro que ao abandonar o cargo de secretário-geral do PS abdicou do Conselho de Estado e de ser deputado. Atitude exemplar e de grande elevação.
Não se pode estar num cargo a pensar logo a seguir noutro. A política pública não é mercearia, mas parece...

JJ