Mário Russo |
Os políticos da nossa praça não se cansam de se flagelar
constantemente por conta da culpabilização pela grave crise que se vive. A
culpa é atribuída às autoestradas que se fizeram, às infraestruturas
realizadas, ao betão, como dizem. Tudo em grande e acima das nossas
possibilidades.
Eu até posso concordar que algumas autoestradas e algumas
obras de betão foram desnecessárias. No entanto, cada vez mais tenho a
convicção que se não fossem feitas, o dinheiro teria desaparecido (veja-se os
escândalos BES, BPN; BPP; … Montepio está para aflorar) e ficaríamos na mesma,
sem pau nem bola, como diz o povo.
Culpabilizar constantemente quem fez as obras não resolve
nada porque já estão feitas. O que se esperaria era o contrário, já que estão
feitas. Como é que essas infraestruturas podem ser potenciadas de modo a tirar
o país da “pindaíba”. Hoje a circulação em Portugal é fácil e agradável. As
autoestradas permitem rápidas descobertas de lugares fascinantes. Veja-se o
turismo que tem propiciado um crescimento de 13%, único setor que não se afogou
com a crise.
As infraestruturas devem ser “vendidas” e bem aos
estrangeiros que queiram investir e morar em Portugal. O país tem um sistema de
saúde invejável para turismo de saúde. Tem hotelaria de excelência, património
histórico muito importante e interessante, tem segurança, bom clima e um povo
tranquilo e afável na sua maioria.
O país tem sido referenciado com destino turístico de
excelência. Por outro lado, tendo os portugueses dado ao mundo novos mundos,
devem ser mais conhecidos. Ainda recentemente a agência de notícias Reuters, informou
que foi encontrado um novo mapa que prova que não foram os ingleses nem
holandeses que descobriram a Austrália... Mas os navegadores portugueses.
Mapa do século XVI foi encontrado numa biblioteca de Los
Angeles, assinala com detalhe várias referências da costa Este Australiana,
relatado em português, provando que foi a frota liderada pelo explorador
«Cristóvão de Mendonça» quem descobriu a Austrália no longínquo ano de 1522. Os
factos são agora invertidos, pois foi o navegador português a fazer tão
importante descoberta, cerca de 250 anos antes do Capitão James Cook a ter
reclamado junto da coroa inglesa, em 1770. O livro “Para além do Capricórnio”
de Peter Trickett, jornalista australiano e repórter de investigação relata com
pormenores iniludíveis esta descoberta. Quem deu relevo a esta importante
notícia? Ninguém.
Precisa-se de estratégia para “vender” bem o nosso país e
potenciar o melhor que temos. Já dizia Porter no seu relatório, mas poucos o
ouviram, com exceção dos condenados calçado e têxteis, que são hoje casos de
sucesso. Os nossos governantes entretêm-se a autoflagelarem-se com as boas
infraestruturas que temos, pese embora possam ser exageradas, mas é melhor ter
a mais que a menos. Os outros países quando querem mostra vantagem competitiva
mostram o que têm de melhor. Os nossos governantes condenam o que temos de bom.
Com este espírito de corte em corte, de miserabilismo em
miserabilismo, não vamos a lado nenhum a não ser cada vez mais para o fundo do
buraco. O país precisa de mudar de bússola.