Miguel Mota |
No mesmo número
da revista “Empresas & Negócios” de que comentei a notícia sobre o melhoramento
genético do arroz (LE de 31-7-2014), é referida uma entrevista com a ministra
Assunção Cristas, que exortou os jovens a agregarem-se em associações ou
cooperativas de agricultores. É realmente importante esse conselho e há dezenas
de anos que escrevo que a única forma de os agricultores, individualmente,
deixarem de ser explorados pelos comerciantes é a associação em cooperativas,
para terem dimensão, já que a maior parte da produção agrícola vem de pequenos
ou médios empresários.
Mais de uma vez
citei o caso do Cachão, a cooperativa agrícola do Nordeste Transmontano. Uma
cooperativa daquela dimensão exige um gestor de grande capacidade, algo muito
escasso em Portugal. Mas já não será tão difícil, pelo menos para iniciar,
fazer uma cooperativa de menores dimensões.
Não cabe ao
Ministério da Agricultura organizar essas cooperativas. Mas é tarefa dum
serviço de extensão rural – que o ministério devia ter – sugerir e ensinar como
se organizam e como devem funcionar, pois nem sempre da parte dos agricultores
há a iniciativa e os conhecimentos necessários para que elas se concretizem.
Algumas das actuais podem servir de modelo e se, em outras, há deficiências de
funcionamento, há que chamar a atenção e sugerir as modificações necessárias
para maior eficiência. Não deve ser esquecida a produção de publicações e
vídeos sobre o tema, para serem distribuídas em larga escala, algo que o
ministério em tempos fez bastante bem.
Há poucos dias
vimos na televisão a notícia dos protestos de produtores de batata, que não
conseguiam escoar os seus produtos. Não sabiam a solução para o seu problema. Ela
certamente não nasce desses protestos.