05/07/2014

Ministério da Educação ensandeceu?




Li no jornal Público que o governo vai premiar as câmaras que trabalham com menos professores! O Ministério da Educação (MEC) ensandeceu? A educação é mera aritmética? A educação é um jogo da sorte? A educação passou a ser um mero exercício de contas, contabilidade e poupança? 

O MEC não se pode demitir das suas funções. O processo de municipalização das escolas passa primeiro pelo assumir a responsabilidade da manutenção das instalações, pessoal não docente, etc. Pode descentralizar mas também humanizar. A educação é um bem fundamental do país deve continuar nas mãos do governo, assim como, a saúde e a justiça. Pode-se ser mais eficiente mas não trocar um professor por dinheiro. Dar um prémio de 50% do custo estimado de um professor, isto é, 12.500€. Em média um professor fica ao MEC por 25.000€.

Haver uma boa gestão de recursos, numa escola não pode ser somente ligada ao número de professores mas também ao pessoal não docente e respectivas instalações e sua manutenção.

Deixar nas mãos de autarcas, muitos deles, nem sensibilidade tem para assuntos relacionados com o ensino é perigoso. A educação não pode ser gerida por qualquer tipo de pessoa. Estamos a lidar com seres humanos. Uma Escola não é uma fábrica de pessoas, mas sim, um local de aprendizagem e de edificação da personalidade dos nossos jovens exige professores qualificados e motivados 

Acho que é um presente envenenado para as câmaras que ficarem com o ónus de despedir professores a troco de uns "trocos". 

Pode haver delegação de competências noutras áreas não no recrutamento ou despedimento de professores. Um dos calcanhares de Aquiles do ensino é o excesso de alunos por turma e a falta de pessoal não docente no controle do espaço extra- sala de aula: corredores, recreio, etc.. Fundamental para o manter a ordem e disciplina. Outro dos calcanhares de Aquiles é andar-se constantemente a mudar e a legislar sobre ensino, professores, etc. É fundamental para uma boa qualidade de ensino, ter professores a dar apoio em questões de disciplina e ensino-aprendizagem (dúvidas, explicações, etc.)

O MEC é que deve ser o baluarte do papel interventivo na definição da oferta curricular das escolas.

A eficiência do ensino das escolas não passa por despedir professores mas por optimizá-los e torná-los felizes no seu meio. A forma é simples: menos alunos por turma; menos legislação por ano lectivo; menos mudanças constantes; devolução do professor à sua função docente e menos burocracia e papelada sem nexo; mais pessoal não docente de apoio ao professor; mais respeito pela função docente; menos interferência dos pais na escola; mais disciplina; etc.

Quem percebe de educação são os professores e o Ministério da Educação (às vezes), não um qualquer autarca, muitos deles, endividados até ao tutano e que tem contribuído para um défice astronómico.

O Ministério de Educação não tem que dar lucro, medidas deste teor aberrantes, desnecessárias e ensandecidas não levam a lado nenhum. Levam a que muitos dos professores que abraçaram esta nobre profissão que anda pelas ruas da amargura peçam reformas antecipadas e se venham embora.

O que se vê em Portugal é toda a gente dá palpites sobre professores e escola, e quem se deve ouvir ignora-se - os  professores  (interessados em causa própria)

JJ