20/06/2014

Desigualdades



Miguel Mota 
Um país onde o estado (incluindo as suas “empresas públicas”) paga ordenados e pensões muito altos (quantos são acima de 5.000 € mensais?); que dá a alguns altos funcionários mordomias que países ricos não dão aos seus equivalentes; onde os gabinetes do governo estão a abarrotar de adjuntos e assessores, com frequência jovens de pouca experiência, mais bem pagos que pessoas altamente qualificadas e com muitos anos de serviços; “encomenda” pareceres e estudos a entidades privadas e com elevados custos; em que o dinheiro do estado alimenta muitas fundações ditas “privadas”; onde os partidos políticos, que não são parte do funcionalismo público (embora, aberrantemente, sejam “órgãos de poder”) custam ao erário público muitos milhões de euros por ano, etc., etc., etc., tem o descaramento de sobrecarregar com impostos elevadíssimos aqueles que ganham ordenados miseráveis ou, pelo menos, muito pequenos.
Com excepção dos países que vieram da miséria comunista, a grande massa dos trabalhadores portugueses eram os mais mal pagos da Europa. Agora, ganham ainda menos. Mas, todos os portugueses das classes média e baixa, pagam impostos como os países do Norte da Europa, nomeadamente a Dinamarca e a Suécia, mas não têm os benefícios – saúde, educação, protecção na velhice – que têm os cidadãos desses países.
O leque salarial já era alto. Agora é altíssimo. Nestes últimos anos, aumentou o número de pobres e, ao mesmo tempo, o número de milionários, o que mostra o crescimento da degradação social.
Alguns pretendem que “não são funcionários públicos”, para justificarem ordenados mais altos. Públicos são todos os que têm os seus ordenados pagos pelo estado, a começar pelo Presidente da República. Só não são funcionários aqueles que não funcionam…


A todos os que, em Portugal, clamam que estamos em democracia e, agora, temos eleições livres, eu digo que então são eles os responsáveis por elegerem tão maus dirigentes. Não têm a desculpa que tinham na outra ditadura.