10/02/2014

MOMENTO POLÍTICO



Actualmente no PSD não se passa nada, não há convulsão, nem batalha interna. Tudo está perfeito, elegeu-se de novo Pedro Passos Coelho e o partido aparentemente está unido.
Todavia toda a gente percebe que há enormes tensões internas, mas para já vamos esperar pela saída da troika a 17 de Maio e as eleições europeias a 25 de Maio. Entretanto procura-se obviar os problemas mas eles irão vir ao de cima mais cedo ou mais tarde.
Pedro Passos Coelho tem em mente três coisas: cumprir escrupulosamente o programa da troika, a unidade do partido e a unidade da coligação com o CDS.
O PSD actualmente é um partido que se assemelha a ovelhas levadas pelo pastor. O PSD não quer divisões e fracturas e continua a pôr mãos à obra para cumprir o que a Europa nos dita.

Ainda pelas recentes sondagens, o PSD continua bem cotado e a política portuguesa passa pelo PSD ou nada. Não há espaço para aventuras e divisões fracturantes.
Portugal é governado com o apoio de um PSD de autómatos obedientes. Governa-se por pura inércia contando com o apoio parlamentar maioritário.
Esta trégua no PSD e um certo optimismo nas europeias pelas sondagens só pode ser beliscado por uma saída em falso da troika.
Tudo se conjuga para o PSD em contraciclo ter um bom resultado em Maio e colocar o PS e António José Seguro às aranhas e à nora.
O maior problema do PSD não é o PS, mas o desemprego. Muitos portugueses irão terminar o seu subsídio de desemprego e não tem idade para se reformar, mas também não conseguem arranjar emprego. É uma massa numerosa que não irá votar no PSD.

Não sei o que o governo vai fazer? Não há estímulo ao consumo e nada foi incentivado.
Não haverá novos empregos para esta numerosa massa de desempregados, muitos deles qualificados e com muito valor, com mais de 55 anos
As pessoas estão assustadas e paralisadas. As empresas continuam a ter quedas nos seus negócios e não vão contratar ninguém.
A resignação tomou conta dos portugueses, a justiça social afasta-se mais do nosso horizonte. Portugal está atravessar um momento verdadeiramente dramático e feio. Mais parece como alguém com uma lanterna na escuridão tenta encontrar a dignidade e a solidariedade e isso já não se encontra pois não existe.
Por outro lado o PS não aparece aos olhos dos portugueses como alternativa, vai-se lá saber porquê? Estará na memória recente a quase bancarrota e a falta de carisma de António José Seguro? Não sei. O que sei é que o PS tinha tudo para estar destacado nas sondagens e não desloca do PSD, apesar desta tempestade de cortes e mais cortes.

Se os portugueses se resignam estão acabados. Aqueles que perderam a esperança de encontrar um trabalho e até deixaram de o procurar, estão à beira do precipício e a sociedade caminha a passos largos para o suicídio colectivo.
Há um avassalador desencanto com a política que se pratica. A espiral de resignação e silêncio é preocupante. Há uma ilusão de unanimidade que este é o caminho dos cortes cegos e não há outro caminho. Mas também há uma incapacidade da oposição para criar um discurso alternativo.
Por outro lado, começa haver temor de expressar a nossa opinião. É necessário organizar uma manifestação. Inspirada em Herbert Marcuse, em que os jovens franceses protestavam contra os "valores hipócritas de uma sociedade injusta e atrasada”.
A política actual deste governo do PSD/ CDS move-me por uma razão sem razão. A sua razão única: be nice with troika. E há tantas razões para o não ser…

JJ