Actualmente no PSD não se passa nada, não há convulsão,
nem batalha interna. Tudo está perfeito, elegeu-se de novo Pedro Passos Coelho
e o partido aparentemente está unido.
Todavia toda a gente percebe que há enormes tensões internas,
mas para já vamos esperar pela saída da troika
a 17 de Maio e as eleições europeias a 25 de Maio. Entretanto procura-se obviar
os problemas mas eles irão vir ao de cima mais cedo ou mais tarde.
Pedro Passos Coelho tem em mente três coisas: cumprir escrupulosamente
o programa da troika, a unidade do partido e a unidade da coligação com o CDS.
O PSD actualmente é um partido que se assemelha a ovelhas
levadas pelo pastor. O PSD não quer divisões e fracturas e continua a pôr mãos
à obra para cumprir o que a Europa nos dita.
Ainda pelas recentes sondagens, o PSD continua bem cotado
e a política portuguesa passa pelo PSD ou nada. Não há espaço para aventuras e
divisões fracturantes.
Portugal é governado com o apoio de um PSD de autómatos obedientes.
Governa-se por pura inércia contando com o apoio parlamentar maioritário.
Esta trégua no PSD e um certo optimismo nas europeias
pelas sondagens só pode ser beliscado por uma saída em falso da troika.
Tudo se conjuga para o PSD em contraciclo ter um bom
resultado em Maio e colocar o PS e António José Seguro às aranhas e à nora.
O maior problema do PSD não é o PS, mas o desemprego.
Muitos portugueses irão terminar o seu subsídio de desemprego e não tem idade
para se reformar, mas também não conseguem arranjar emprego. É uma massa
numerosa que não irá votar no PSD.
Não sei o que o governo vai fazer? Não há
estímulo ao consumo e nada foi incentivado.
Não haverá novos empregos para esta numerosa massa de desempregados, muitos
deles qualificados e com muito valor, com mais de 55 anos
As pessoas estão assustadas e paralisadas. As empresas continuam a ter
quedas nos seus negócios e não vão contratar ninguém.
A resignação tomou conta dos portugueses, a justiça social afasta-se mais
do nosso horizonte. Portugal está atravessar um momento verdadeiramente
dramático e feio. Mais parece como alguém com uma lanterna na escuridão tenta
encontrar a dignidade e a solidariedade e isso já não se encontra pois não
existe.
Por outro lado o PS não aparece aos olhos dos portugueses como alternativa,
vai-se lá saber porquê? Estará na memória recente a quase bancarrota e a falta
de carisma de António José Seguro? Não sei. O que sei é que o PS tinha tudo
para estar destacado nas sondagens e não desloca do PSD, apesar desta tempestade
de cortes e mais cortes.
Se os portugueses se resignam estão acabados. Aqueles que perderam a
esperança de encontrar um trabalho e até deixaram de o procurar, estão à beira
do precipício e a sociedade caminha a passos largos para o suicídio colectivo.
Há um avassalador desencanto com a política que se pratica. A espiral de
resignação e silêncio é preocupante. Há uma ilusão de unanimidade que este é o
caminho dos cortes cegos e não há outro caminho. Mas também há uma incapacidade
da oposição para criar um discurso alternativo.
Por outro lado, começa haver temor de expressar a nossa
opinião. É necessário organizar uma manifestação. Inspirada em Herbert Marcuse,
em que os jovens franceses protestavam contra os "valores hipócritas de
uma sociedade injusta e atrasada”.
A política actual deste governo do PSD/ CDS move-me por
uma razão sem razão. A sua razão única: be
nice with troika. E há tantas razões
para o não ser…
JJ