Mário Russo |
Estas empresas têm desenvolvido um bom trabalho técnico,
social e ambiental e ainda por cima são rentáveis. Por ano têm exibido lucros
superiores a 20 milhões. Têm um património avaliado em mais de 900 milhões de
euros. Pese embora algumas delas sofrerem do atraso de pagamentos devidos pelo
tratamento de RSU que alguns dos seus sócios, e ao mesmo tempo clientes
(municípios), se arrogam cometer. Ainda assim, não há caso de o serviço ser
interrompido, como aconteceria se fosse empresa privada.
Recente avaliação das 12 empresas situou-se nos 200 milhões
de euros. É de facto um (mais um) negócio da China para empresas privadas
internacionais. O que vai acontecer? Fusão entre todas estas empresas de modo a
constituir apenas uma, com sucursais (atuais empresas multimunicipais) e alguns
milhares para o desemprego, como é comum nestes casos. Um único CA e diretores
em cada sucursal.
Não está em causa que o setor possa ser desenvolvido por
privados. Basta ter um Regulador forte e competente, como é o caso da ERSAR. O
que vislumbro é a oportunidade ser muito má. Primeiro por afastar as empresas
portuguesas do páreo, devido à escassez de dinheiro e em segundo porque em
crise quem ganha é o comprador. Sendo um serviço que é um monopólio natural,
poderia ser reserva nacional, com vantagens. Estas empresas públicas poderiam
ter uma estratégia de internacionalização, que não têm, apesar da muita
experiência detida e com qualidade apreciada.
A TAP é outra empresa que está fadada a morrer às mãos deste
governo. As análises que ouço por parte dos economistas, vai nesse sentido.
Infelizmente nenhuma análise vai além da avaliação contabilística imediatista e
fatalista.
Recente visita ao estrangeiro em conversa de ocasião com
colegas de vários países disseram-me o seguinte sobre a Ibéria, que se fundiu
com a British, e a Alitália, que se fundiu com a Air France: A British levou as
boas rotas da Ibéria e a Air France as da Alitália. A Ibéria está em apuros.
Despediu milhares. A British não. A Alitália está em falência e corria esta
semana o perigo de não ter gasolina, por corte de fornecimento pela ENI.
Espanha e Itália perderam as melhores rotas que agora enchem UK e Paris de
visitantes e investidores.
Uma companhia aérea de bandeira não vale apenas pelo seu
resultado direto, mas pelo indireto que é injetado na economia do país.
Disseram-me eles: Se Portugal vende a TAP (muito apreciada pela sua qualidade e
segurança), sem avaliar estes casos só pode perder.
São casos que o Governo deveria estudar bem antes de vender
a empresa pública. Deveria encetar uma reforma na empresa, enxugando-a e
modernizando-a. Como acionista tem obrigações que não consigo entender como
possam ser ignoradas ou condicionadas por vontades da UE (muitas vezes serve de
desculpas para certas decisões políticas autóctones).
Infelizmente o Governo não governa, apenas anda à procura de
saber onde vai buscar dinheiro para cumprir as ordens da Tróika. Vai de corte
em corte sempre nos mesmos. Cada vez há menos dinheiro na mão dos trabalhadores
para dinamizar a economia. As falências sucedem-se e a tristeza idem. Não sobra
tempo para o Governo pensar, estudar, decidir e governar estabelecendo as
melhores opções. Assim o país continua cada vez mais definhando e morrendo à
mingua. Temos um governo que se comporta como um moribundo à espera de morrer,
que já não tem forças para resistir e abandona… a vida.