12/10/2013

O electrão



A electrónica tem hoje nas nossas vidas uma presença constante em múltiplos aparelhos. Quando os utilizamos na rotina diária, nem pensamos  que todos eles dependem duma pequeníssima partícula cuja existência era desconhecida antes de 1897, data em que foi descoberto pelo físico inglês J. J. Thomson, descoberta pela qual recebeu o Prémio Nobel.

Miguel Mota
Como se sabe, toda a matéria é constituída por átomos, pequenas partículas formada cada uma por um núcleo – onde se concentra a quase totalidade da massa - em volta do qual giram os electrões, mais ou menos como os planetas giram em volta do sol. O núcleo é formado por duas partículas, os protões, que têm carga positiva, e os neutrões, que não têm carga eléctrica. Os electrões têm carga negativa e uma massa mais de mil vezes menor que a dos protões. (Contava-se que tinha sido descoberta uma partícula nova, o português, denominada o “pelintrão”, que não tem massa nem energia).

Uma experiências que eu considero das mais fascinantes foi realizada pelo físico inglês Rutherford. Bombardeando uma folha de ouro muito fina com partículas alfa (um conjunto de dois protões e dois neutrões, ou seja o núcleo do elemento hélio, o gás com que se enchem os balões, mas sem os seus electrões) verificou que algumas das partículas saltavam como uma bola de ping pong. Mas a maioria das partículas passava para lá da folha de ouro, concluindo – contra o que parecia ser uma densa massa – que os átomos têm mais espaço vazio do que matéria, com a sua massa quase toda concentrada no núcleo. Tal como Galileu que, ao contrário do que se pensava, disse que era a terra que girava à volta do sol. Felizmente para  Rutherford, os tempos eram outros e não sofreu as agruras que Galileu sofreu com a sua “heresia”. Em vez disso, recebeu o Prémio Nobel.

Mas não foi só o electrão que entrou na nossa vida diária nos tais aparelhos que tornam a nossa vida mais fácil (ou mais complicada...). Descobertas de há pouco mais de um século e outras de há menos de um século, também foram importantes. Os telemóveis usam ondas de rádio; a TAC usa raios X; a ecografia usa ultrassons; os comandos à distância usam raios infra vermelhos. A Genética tem feito maravilhas na agricultura e na saúde. Tudo isto se deve à investigação científica.