13/10/2013

Ainda o IVA

Miguel Mota
          Foi com muito agrado que vi a notícia de alguns deputados do Parlamento Europeu estarem a atacar do problema de aplicar imposto sobre as transações financeiras (Público de 29-9-2013).

Já tratei do assunto, porque esta isenção é, na minha opinião, mais uma absurda proteção aos ricos, em detrimento dos pobres e remediados. Permito-me transcrever: “...o estado devia aplicar o mesmo IVA de 23% que aplica à aquisição dum frigorífico ou de qualquer outro objecto, às aquisições financeiras, nomeadamente na Bolsa” (“IVA, um imposto estúpido e imoral”, Público de  8-12-2012).

Chamei-lhe estúpido porque um imposto que obriga a receber e tratar um número astronómico de pequenas quantias exige, para esse trabalho estéril – pois não “cria” qualquer riqueza – um muito alto custo de cobrança. Uma parte do que é cobrado vai ser usado para pagar ao pessoal das Finanças ocupado nessa tarefa. Os empresários também sofrem custos na cobrança e entrega ao estado, o que vai afectar a sua produtividade.

É um imposto imoral porque foge à boa regra que determina que quem tem mais pague uma taxa de imposto maior do que quem tem menos. Moralidade que, diga-se de passagem, tem um limite relativamente baixo. Para além desse limite, pagam todos a mesma taxa. E são muitos os que levam para casa, todos os anos, quantias muito altas.

Se o governo aplicasse, a quem compra acções ou outras aplicações financeiras, os mesmos 23% que cobra pela compra dum frigorífico ou pelo conserto dum telhado, teria os seus problemas financeiros resolvidos. Seriam poucas essas transações? Óptimo. Deixava de se fazer tanto trabalho que nada cria.

Não teria lógica aplicar a essas aquisições a famigerada e distorcida “convergência”, que tem servido de pretexto para as maiores barbaridades, mas que só se aplica a quem faz ou fez trabalho útil? Penso que seria mais económico e mais socialmente justo, aumentar os impostos directos. Se, contudo, o IVA continua a existir para as aquisições, acabe-se com o que podemos considerar uma fuga ao fisco legal.

Como disse no artigo citado, “... o que eu gostava mesmo era que desaparecesse o IVA, pelas razões apontadas”.

Termino com outra frase do artigo referido: “Isto são ideias de quem, do fisco, apenas sabe o que tem de pagar”.