14/08/2013

Qual equidade?

Miguel Mota
       O governo declara que os pensionistas que foram funcionários públicos terão um corte de 10% nas suas pensões, em nome da equidade. Note-se que a fúria da “equidade” é sempre para baixar e nunca para subir os de baixo.

Mas aquela frase sugere a pergunta: qual equidade?

O governo gosta muito de usar as enganadoras “médias” e eu lembro sempre a velha história do frango comido por uma pessoa enquanto a outra via. A estatística declara que, em média, cada pessoa comeu meio frango.

Vemos com muita frequência casos de empregados de privados que se reformam, nalguns casos com pouca idade e com pouco tempo de serviço, por vezes em part time, cujas pensões de reforma são muitíssimo superiores às que recebem os pensionistas do estado mais bem remunerados. Note-se que as empresas públicas – portanto, do estado – funcionam, para este efeito, como os privados. Porque não cortam nas pensões desses privilegiados? Porque continuam a esmagar quem tem pouco e a proteger os que têm muito, alargando cada vez mais o leque salarial? Lembro que o partido maioritário se chama Social Democrata... (Tal como fez, ainda pior, o PS, nos últimos seis anos em que governou, com a sua gestão danosa a um tal grau que afundou o país num profundo pântano. E continua a chamar-se Socialista e consideram-no “de esquerda” as pessoas que não sabem o que é que esses nomes significam).

Aos deputados (e não só...) das várias oposições (tal como no tempo da outra ditadura, uma gama de variados interesses, alguns antagónicos, apenas unidos por estarem contra quem governa) eu sugiro que exijam ao governo que descrimine os mais de dois terços da despesa que aparecem no orçamento para 2013 numa única rubrica no Ministério das Finanças. Era bom saber, em pormenor, para onde vão esses mais de 124 mil milhões de euros das despesas orçamentadas.