01/08/2013

Os cromossomas e o homem


Miguel Mota
 Eu estou há vinte anos quase separado da ciência e um dos poucos contactos que ainda mantenho é a Science, porque sou membro da AAAS (a Associação Americana para o Progresso da Ciência). Mas de vez em quando vejo aparecerem coisas consideradas “novas” pelos senhores que as descobriram mas que, às vezes, talvez não sejam assim tão novas, mas apenas complementos ou confirmação de algo já conhecido.
 
Vem isto a propósito do bom artigo de Ana Gerschenfeld, no PÚBLICO de 23-7-2013, por os autores da descoberta terem ficado surpreendidos com a importância do cromossoma X na masculinidade. Penso que já havia conhecimento suficiente para  considerar essa importância, isto sem negar valor aos elementos novos.

Por exemplo, na aneuploidia (uma anomalia cromossómica) XO, em que uma mulher, em
vez ter dois cromossomas X, só tem um, chamado síndroma de Turner, são mulheres
normalmente estéreis e com algumas características masculinas. Creio que não há
sobreviventes com aneuploidia YO, seriam homens só com um cromossoma Y, em vez de um X e um Y, o que se compreende considerando a grande quantidade de genes importantes que existem no cromossoma X sem o correspondente alelo (o seu parceiro) no pobre Y. Um cromossoma X, além do seu cromossoma Y, é essencial para a existência do homem.