Miguel Mota |
Podemos dizer que essa era a opinião de Salazar, talvez por ver o que foi o parlamentarismo durante os 16 anos após a implantação da república.
Nos países dominados pelo partidismo, isto
é, em que os partidos não são apenas associações de cidadãos com o mesmo credo
político mas sim órgãos de poder mais ou menos poderoso (em Portugal
completamente ditatorial), o que vemos é que o lema é “tudo do nosso partido é
óptimo e vota-se a favor e tudo o que é dos outros partidos é péssimo e vota-se
contra”. Portanto, para haver “governabilidade”, considera-se que o parlamento
deve ser apenas um carimbo a dizer “Aprovado” a tudo o que o governo quiser.
Isso origina a pergunta: onde está o Legislativo?
Nos Estados Unidos, por exemplo, é
frequente o governo ser dum partido e a maioria no Senado ou na Câmara dos
Representantes ser de outro. Nesses casos, ninguém diz que o país fica
“ingovernável”. Se, em alguns casos, o Senado não aprova legislação proposta
pelo governo, em muitos outros aprovam. O país está acima dos partidos. Não
tenho números, mas creio que a maioria da legislação é proposta pelos
senadores. Em Portugal, se um deputado do partido do governo propõe legislação
é porque o partido mandou. E não existe nos Estados Unidos essa figura, que
considero aberrante, do Presidente da República consultar os partidos. Os legítimos
representantes do povo no legislativo, os senadores e os membros da Câmara dos
Representantes, são eleitos livremente pelos cidadãos os que se candidataram,nos
diferentes estados.