Mário Russo |
Cavaco, ansioso em recuperar a ribalta perdida, inventa uma jogada de “salvação nacional”, logo secundada pelos comentaderos do costume com interpretações do género “o que o povo quer é entendimento entre os políticos para resolver os problemas que o país enfrenta”. Pelo que unir os 3 partidos do arco da governação é o mais indicado, porque eleições antecipadas não resolvem nada. É uma visão académica e utópica da sociedade portuguesa, sobretudo da tribo política que temos. É não perceber a nossa realidade.
Instalou-se um tabu “cavaquiano” com a indefinição dos 3 partidos envoltos em negociações impossíveis. Finalmente o carnaval segue o seu caminho, com a decisão aguardada de Cavaco Silva aceitar a proposta de reformulação do governo, com exigências extras entre PSD e CDS, segundo a imprensa.
Na verdade, Cavaco foi obrigado a aceitar a remodelação
exigida por Portas, numa jogada de mestre e única que podia ter ante o descaso
que PPC dele fazia. Portas traz um peso pesado do CDS, com provas dadas no mundo
real para a Economia, que pode ser figura chave para a desejada viragem. É uma
personalidade com estatura técnica e política, ao contrário da anã que ficou
com o ministério das Finanças. Engane-se quem se vangloria com as sondagens a
penalizar Portas, porque está contaminada pelos opinion makers do PSD e PS que
querem tirar dividendos. O futuro vai responder.
A remodelação poderia virar de vez a letargia do moribundo
governo. Era uma oportunidade de ouro.
Com efeito, a demissão de Gaspar foi oxigénio para Portugal,
mas a sua substituição por uma nulidade revela o que PPC tem de mais
competente: a insensatez e a miopia política. Por sua vez, esta senhora, com um
ferrete SWAP na testa que a vai atormentar todo o tempo, não tendo condições
para fazer seja o que for, convida um Secretário de Estado para o Orçamento
manchado à partida. São três erros grosseiros: de PPC, que não aprende com os
seus erros, promove uma pessoa incapaz para um cargo da maior responsabilidade,
aceita um secretário de Estado ( SE) manchado, nomeia um ministro para Negócios Estrangeiros com
passagem pelos negócios BPN (esqueceu-se do falatório com o outro SE com igual
passagem, mas após o escândalo do banco).
Erro de uma senhora que não tem um pingo de dignidade em aceitar
uma pasta que motiva a demissão do parceiro da coligação que a detesta. Uma
pasta para a qual a senhora não está minimamente preparada e pior, que tem um
ferrete SWAP na testa, mesmo que não tenha culpa no seu desastre, que manchará
todo o governo e não a largará. Senhora que mostra a sua sensibilidade política ao convidar um SE manchado com a venda ou a sua tentativa, de produtos tóxicos ao Governo de Portugal (não me venham dizer que era a sua missão, porque cada um só vai até onde os limites da sua dignidade e ética impõem).
E finalmente, o SE, sabendo desse seu passado, ter aceite,
julgando que nada se iria passar, por pura incompetência ou inocência. Qualquer
político é demasiado escrutinado e mais ainda quando é protagonista de maldades
atrás de maldades como é o caso deste desastrado Governo. Não há funcionário
público que não esteja à espera de encontrar uma escorregadela de um governante
para a lançar na opinião pública. Isto não é o que Portugal precisa.
Portugal precisava de um governo fresco, com ideias novas e
um mínimo de credibilidade para encetar o caminho da viragem e da
reestruturação do seu modelo económico falido. Caminho difícil, sem dúvida. A
remodelação era uma oportunidade de clarificação e de colocar pessoas sem
manchas e com competência. Mas PPC é teimoso e arrogante. O fardo que os
portugueses estão a pagar, fruto de SWAPS, de PPP, de BPN e de BPP, parecem não
representar nada para esse senhor, que não tem pejo em cortar salários e
pensões miseráveis para suprir os biliões com estas perdas.
Uma ministra que justifica não ter feito nada para precaver
a perda de biliões por não ter recebido informação suficiente do antecessor,
mesmo que fosse verdade (mas parece que recebeu o suficiente), revela toda a
sua incompetência. Se a tivesse, corria o mais depressa possível para saber da
real situação e atuar. Não pode ficar como sofista à espera que o mundo desabe
para depois concluir que o mundo desabou sem nada fazer. No mínimo deveria responder em Tribunal pelos
prejuízos causados ao erário público, como aconteceu na Islândia. Podia ter
evitado as perdas que correspondem ao que o governo quer cortar na função
pública. Como prémio, PPC promove-a, porque definitivamente, ele não aprende
nada, a nossa justiça é pífia e ridícula e a governação uma piada.
Os bons ministros e SE (que existem) são manchados pela
atuação dos incompetentes colegas e do seu “chefe”, pela injusta, mas
inevitável generalização a que estas situações se prestam. Portugal é que perde
e os portugueses ainda mais. Tenho pena desta teimosia de PPC, que só serve
para o envelhecer sem benefício para o seu povo. Que tenha boas férias, com a
dignidade de um PM e não na miserável pele de um pedinte, que nos envergonha,
para ver se os bons ares o oxigenem.