05/07/2013

Ideologias

Miguel Mota
Eu apoio frontalmente o artigo do Advogado Victor José Xavier Carola no Linhas de Elvas de 20-6-2013, ao lado do meu. Permito-me, no entanto, um comentário sobre a frase “Com é sabido, são óbvias as discrepâncias político-partidárias entre o Presidente da República e o Presidente da Câmara Municipal de Elvas. Todavia, Elvas soube unir o que a mera ideologia separou”.

Em princípio, os partidos políticos são – ou deviam ser – associações de cidadãos com a mesma ideologia política. Logo após o 25 de Abril, a designação correspondia mais ou menos ao seu conteúdo. O Partido Popular Democrático, pouco depois alterado para Partido Social Democrata, era, realmente, social democrata. O Partido Socialista era socialista.(Socialismo e Comunismo são dois nomes para a mesma ideologia. Lembro que a antiga URSS era a União das Repúblicas Soviéticas Socialistas).

Mas isso durou muito pouco e, em breve, deixou de ser verdade. Como escrevi em recente artigo no Público “Na Aula Magna, Mário Soares declarou que o PSD não é social democrata e está a atraiçoar o pensamento de Sá Carneiro, o que é verdade. Mas não disse que isso é exactamente o que fez o PS, que há muito não é socialista (nem sequer social democrata!) e está a atraiçoar o pensamento do seu fundador e mentor, Mário Soares, quando este era socialista e de esquerda, andava de braço dado com o PC e na rua, de punho erguido, gritava “Partido Socialista, um partido marxista!”.

Os dez anos em que o PSD foi governo também tiveram muito pouco de Social Democracia. O mesmo foi continuado no governo PS de Guterres, com quase todas as acções características de direita, como privatizações, aumento do leque salarial e melhor valorização do capital do que o trabalho. Apenas um resquício de esquerda, o Rendimento Social Garantido (mínimo era mas garantido não), de duvidosa validade.
Quem, desde esses tempos, continua a chamar ao PS “de esquerda”, não sabe o que é que essa palavra significa. Esse erro atinge o cúmulo quando continuaram a assim designar o PS que governou de 2005 a 2011. O PSD que se lhe seguiu só ainda não o igualou porque, que se saiba, não fez as dezenas de absurdas PPP, que atiraram Portugal para o pântano actual, numa gestão extremamente danosa.

O que separa hoje os partidos, especialmente os dois que têm governado desde a ditadura comunista do PREC, é a feroz luta pelo poder ditatorial que lhes é concedido por uma Constituição nada democrática e não plebiscitada, que os torna governos ditatoriais e agências de emprego. Os portugueses chamam a esta ditadura “democracia” apenas porque os deixam protestar à vontade, sem nada conseguirem. A eles eu acuso de serem os responsáveis por elegerem tão maus dirigentes. Ou “descobriram” uma democracia sem eleições livres?