07/06/2013

AS VIRTUDES DO DIÁLOGO

 
Nunca é de mais enaltecer as virtudes do diálogo no exercício da acção política: devemos estar sempre disponíveis para ouvir opiniões contrárias. Quando assim não se procede, trai-se de algum modo a verdadeira essência da política, que na sua mais nobre acepção representa sempre um serviço público. E nenhum serviço público pode ser desempenhado com eficácia ignorando a voz dos cidadãos.
Durante os períodos em que exerci actividades governativas procurei ser sempre fiel a estes princípios, convicto de que a democracia se pratica todos os dias nos inúmeros fóruns de discussão hoje ao dispor dos portugueses. Há certamente críticas injustas, sem fundamento, ou que resultam do preconceito ideológico ou da simples má-fé. Mas é sempre importante escutar os outros. O diálogo não é nenhuma dádiva do poder: é uma exigência da cidadania.
Foi, portanto, com muito gosto que participei num debate organizado pelo Clube dos Pensadores, instituição dinamizada pelo Dr. Joaquim Jorge já com um apreciável historial e uma referencia em iniciativas deste género.
Por vezes é mais cómodo ficar em casa ou permanecer no gabinete, mas um político tem sempre o dever de nunca se furtar ao debate, mesmo - ou até sobretudo - em circunstâncias desfavoráveis.
Não ignoro as dificuldades do momento presente e sei bem que não faltam motivos de descontentamento na sociedade portuguesa. A recessão generalizada nos países europeus, nossos principais parceiros económicos, torna mais complexo o inadiável desafio de recuperação de Portugal. O que exige uma verdadeira mobilização colectiva.
Daí a importância dos entendimentos alargados que resultam do diálogo. Não apenas no plano político: os parceiros sociais são igualmente indispensáveis na concretização das reformas necessárias ao País. Substituindo sempre, de parte a parte, a imposição pela capacidade de persuasão. E sem ninguém recear ser persuadido pelos interlocutores. Já dizia Churchill, um político de convicções fortes, que "não há mal nenhum em mudar de opinião desde que seja para melhor".

Um abraço amigo,

Miguel Relvas