08/03/2013

Vítor Gaspar : presunção e água benta

Mário Russo
Diz o Povo sábio que “presunção e água benta, cada um toma a que quer”. De facto, fiquei espantado com as conclusões do Dr. Gaspar quanto ao sucesso da flexibilização aprovada pelos ministros da UE e do Eurogrupo, beneficiando Irlanda e Portugal com mais tempo e menos juros.

Mas também com a generalidade dos comentadores, que creditaram o sucesso de tal decisão ao trabalho de Gaspar. Mas que trabalho?

Na verdade o que se passa é que Gaspar não tem estado ao lado dos portugueses mas sempre alinhado com os credores. Até parece (se não for) que é um seu empregado.  Como tem aplicado caninamente as medidas que os extremistas da UE têm imposto, com os resultados desastrosos à vista: um desemprego galopante que pode pôr em risco a segurança do país, bem como as recentes notícias do agravamento das condições em Espanha, que aplica receita igual, e o país a raiar a revolta popular, os extremistas da UE ponderaram a flexibilização e comunicaram isso a Gaspar, que foi apenas a Bruxelas receber as ordens.

Mas Gaspar, comprovando que está alinhado aos credores, criticou acidamente o astuto e realista Ministro das Finanças Irlandês (que defende o seu povo) que quer 15 anos e não os 5 de Gaspar. A petulância de Gaspar é inaudita, ele que explodiu a economia de Portugal com mais de um milhão de desempregados, que apenas se foca no défice e mandou as urtigas a economia e o crescimento para fazer face a este desemprego, que não acertou uma única previsão, acha-se o depositário do sucesso traduzido nessa medida e critica um colega que é inteligente e tem sensibilidade.
O único sucesso que se lhe pode creditar é o de ter colocado Portugal num estado tão lastimável e tão perigoso que até os extremistas monetaristas da UE se viram na obrigação de inverter as agulhas da receita.
Mas, para espanto geral, quer o PM, quer Gaspar, continuam com a sua sanha persecutória e peregrina do empobrecimento ainda maior dos portugueses, sem dar ouvidos ao pungente clamor das ruas. Ao afirmar que não governa com as manifestações, numa manifesta atitude de intransigência e teimosia exacerbadas, revela a sua inteligência e sensibilidade.
O pior é que a situação está prestes a explodir e estes governantes ainda não perceberam.
O Sr. PR não pode fazer discursos, pese embora agora mais claros, de que o Governo não pode ignorar o clamor das ruas, não pode permanecer impávido a ouvir respostas sobranceiras do PM a fazer ouvidos de mercador. Tem de convocá-lo e dar um murro na mesa, ou não é Presidente nem de Junta de Freguesia.