15/03/2013

Que futuro para os jovens agricultores?

Miguel Mota

 O actual governo, através da sua Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, travou a destruição da agricultura que vinha sendo feita por vários governos e que atingiu uma enorme intensidade com o governo Sócrates. Bastou parar uma grande parte dessa destruição e pôr em marcha alguns sectores onde se verificava uma verdadeira sabotagem, para a tão espezinhada agricultura passar a ser um oásis na miserável economia portuguesa.
Um dos aspectos que reputo muito favorável foi o estímulo dado aos novos agricultores, especialmente aos jovens, que nessa actividade já ingressaram em grande número. Desejo-lhes os maiores êxitos, de que o país tanto necessita
Mas tenho uma dúvida, que pode ser uma grande sombra para o futuro desses novos agricultores.
Todos agora falam na necessidade da inovação. E a fonte da inovação para a agricultura é a investigação agronómica. Do criminoso desmantelar dos organismos de investigação agronómica do ministério, apenas resta uma pequena parcela do grande know how que há anos havia e que permitiu dar muito à agricultura portuguesa. Os agricultores de Elvas – e não só – conhecem bem o problema e certamente se lembram do que foi a produção científica da Estação de Melhoramento de Plantas, através daquela parte que vai directamente para o agricultor. Certamente alguns se lembram do grande impacto de variedades ali produzidas a partir da década de 1950, como o trigo Pirana, o Grão da Gramicha e muitas outras que se lhes seguiram e eram cultivadas em grandes áreas. As carências de meios – quando as finanças portuguesas ainda não eram o actual desastre – e outras armas de destruição fizeram com que hoje a investigação agronómica do ministério seja uma sombra do que era.
Da ideia, no princípio, de que se ia iniciar uma recuperação, possível e necessária, mesmo nesta época de penúria, o que se fez foi escasso e, na minha opinião, com variados erros. Tenho imensa pena, pois sei que era possível fazer muito melhor, com reflexos positivos na economia de Portugal e até para a sobrevivência do próprio governo.
Não sei se a senhora ministra está obrigada à “lei”, que tenho denunciado, que manda destruir toda a investigação pública que não seja das universidades. Se essa “lei” criminosa, de lesa cultura e lesa economia – e não só no sector da agricultura – continua em vigor, o futuro desses novos agricultores ficará irremediavelmente comprometido.