10/03/2013

Curiosa luta pela Presidência da Câmara do Porto

Mário Russo
A presidência à Câmara do Porto está a ser disputada de forma intensa e apaixonada por duas gratas figuras da sociedade nortenha. De um lado Filipe Menezes (LFM), ex-presidente da Câmara de Gaia e do outro o presidente da Associação Comercial do Porto, Rui Moreira.

Admito que qualquer deles tem possibilidades de fazer um bom trabalho à frente da Câmara. No entanto, de forma objetiva, quem deu mostras de transformar uma cidade foi Menezes, que encontrou um pardieiro chamado Gaia, paraíso de patos bravos, sem uma única praia com bandeira azul, sem saneamento e transformou a cidade. Requalificou toda a orla marinha e dotou o concelho de infraestruturas de abastecimento de água e de drenagem e tratamento de esgoto, além de conseguir hastear as bandeiras azuis em todas as praias.
Atraiu investimentos com empregabilidade e fez obra. Tudo agora parece ter sido por geração espontânea. Rui Moreira é o Presidente da Associação Comercial do Porto. O que fez ele? Apareceu como comentador desportivo, na qualidade de adepto do FC Porto e algumas vezes cometário político. Sem dúvida que é uma pessoa idónea, ponderada, culta e educada. Não está em causa. Mas está a ser empurrado para impedir que LFM seja o Presidente da Câmara do Porto.

A cidade do Porto há muito perdeu protagonismo, com a saída de Fernando Gomes. Rui Rio exerceu o cargo tranquilamente, com parcimónia e economia de meios, revelando-se tão cinzento como a cidade é caracterizada. Mas sempre teve o tapete estendido pela opinião pública e publicada que se fabrica em Lisboa. Aliás, bastou ostracizar o FCP para ser considerado em Lisboa como o autarca modelo, sério, competente e o maior, sem mesmo ter feito nada, à época.  Rui Rio foi um contabilista sério. Não gastou mais do que o que tinha, ao que aparece na imprensa.
No entanto, a cidade politicamente transformou-se num anão. A outrora invicta tornou-se uma paisagem para agrado do poder instalado em Lisboa.

Bastou Menezes ter lançado a sua candidatura para aparecer um coro de virgens defensoras do trabalho feito por Rui Rio, demonizando Menezes como se este fosse uma bomba destruidora, não só de património, como de valores culturais, pronto a desbaratar e a endividar a Câmara e a estragar o Porto.
Curiosamente muitos dos integrantes dessa Escola de “virtudes” são proeminentes figuras regionais e nacionais, alguns com responsabilidades diretas nos regabofes cometidos pelos governos que integraram e nos deixaram no estado em que estamos. 

O poder instalado em Lisboa e a sua imprensa (responsável por mais de 95% da opinião pública) não gosta de Luiz Filipe Menezes, pois este certamente fará do Porto novamente uma cidade com voz ativa e isso é que mete medo a toda esta gente.
LFM sabe o que passou quando era líder do PSD. Os maiores inimigos estavam no seu partido. Agora não é diferente. Eles já estão a trabalhar para impedir a sua vitória, sabendo que apoiar Rui Moreira é atirar a vitória para o inócuo candidato do PS, uma figura sem carisma e sem estatura para governar uma cidade como o Porto. É com este tipo de políticos do eucalipto que temos de conviver.