22/12/2012

Aviso à navegação : Portugal / Angola

No decurso da ida de Ministros de Espanha a Angola para assinar diversos acordos de cooperação, o Ministro dos Negócios Estrangeiros Espanhol disse que está para breve o estabelecimento de um acordo de abolição de vistos entre ambos os países.
Como todos sabem, Portugal exige um infindável número de documentos aos angolanos para aqui entrar, que tem a reciprocidade de Angola que inferniza quem queira o visto, inclusive ter de ir ao consulado tratar diretamente.

A Suiça, muito zelosa do dinheiro dos outros e suficientemente moralista, confiscou em 2008 cerca de 43 milhões de euros de fundos angolanos por desconfiar que seria lavagem de dinheiro. Acaba de assinar a devolução do dinheiro a Angola porque reconheceu que há um governo eleito e afinal é um país importante para a sua economia. O resto é anedota.

Portugal, através do nosso MP, resolveu investigar altos dirigentes angolanos por terem muito dinheiro em Portugal, mas não contente, o MP resolveu estender a sua competência e pretende fazer investigação sobre a construção da cidade do Kilamba Kiaxi, um aglomerado de prédios para mais de 100 mil habitantes, uma nova centralidade de Luanda, executada por empresas chinesas, cuja qualidade é reconhecida má. Mas não é por os chineses enganarem os angolanos porque os prédios apresentam patologias inconcebíveis, rachadelas de pasmar qualquer um (até porque é uma intromissão inaceitável). O argumento do nosso MP é que Manuel Vicente, atual vice-Presidente de Angola, possa ter beneficiado do negócio.
Eu nem quis acreditar nesta incursão colonialista no coração de um país independente. Mas é a verdade.
Justamente o nosso MP que ainda não resolveu nenhum dos casos e que os deixa a criar mofo nas catacumbas das suas instalações. Lança suspeitas sobre pessoas influentes e o processo vai queimando em lume brando até caducar o prazo.
Imaginem agora o MP angolano, ante a incompetência da justiça portuguesa, resolver investigar as PPP em Portugal, porque há indícios de que vários figurões se beneficiaram das negociatas?


Mário Russo
Estes casos revelam a “inteligência” e o senso (eu nem quero bom senso) com que as nossas autoridades tratam os assuntos de Estado.

Palavras para quê?