05/10/2012

Assim não vamos lá ( II)


Assim não vamos lá. É demasiado mau para ser verdade.
O povo Português está numa encruzilhada que exige muita tenacidade, competência e bravura de quem capitaneia a nau em vagas alterosas como as que vivemos e em que o Adamastor sopra com insistência demolidora.
Mas estamos sós. Com efeito, depois de mais de um ano de governação, Pedro Passos Coelho ( PPC)e seus rapazes continuam impávidos e serenos a cumprir ordens que definham o país. Receita que aniquilou a Grécia e que nunca foi aplicada com sucesso, que se saiba no Planeta Terra, em outra paragem. Mas a teimosia é grande e a incompetência maior.
Depois da vaga de protesto generalizado contra a estapafúrdia ideia de tirar aos trabalhadores para transferir para os empregadores, revelando incompetência absoluta, seja pelo prisma económico, seja pelo sociopolítico, era suposto terem aprendido algo. Ninguém de extrema-direita teria a ousadia de propor uma medida destas. Mas ainda assim, estes senhores continuam a dizer que era uma medida boa e até insultam os putativos beneficiários da medida, que explicaram porque não serve.
Acabo de ouvir o Sr. Gaspar soletrar um texto. Ainda não percebi se ele tem alguma dislexia ou se é assim mesmo, para fazer estilo, e apesar de não esperar que tivesse rasgo de inovação algum, pensei que tinha aprendido e iria fazer uma marcha atrás. Mas não, substitui um imposto imoral, derrotado na rua, por uma carga de impostos que é um verdadeiro assalto fiscal aos trabalhadores, travestido por mentiras escandalosas de distribuição dos sacrifícios por todos, apresentando gráficos nauseabundos de ideias feitas e manipuladas.
Daqui a um ano, se ninguém apear esses incendiários do poder, estaremos a fazer contas ainda mais angustiados e o senhor a soletrar que não compreende como é que o desemprego aumentou, o défice não diminuiu e a despesa do Estado com prestações sociais aumentou.
O momento é grave. Todos já perceberam que não se pode viver acima das possibilidades e que é preciso pagar a dívida real e justa. Mas não a dívida imoral que nos apresentam. Para inverter esta situação só um Governo dos melhores Senadores experientes e competentes dos 2 partidos que ganharam as eleições. Gente adulta com estatura para enfrentar os credores, consultores e a Sra. Merkel e dizer-lhes que não é com este garrote que se resolve o problema. Que a solução passa pelo crescimento da economia a nível europeu, com implementação de reformas, de ajustamentos na organização do estado e daí emergir a diminuição do défice com o passar dos anos. Demonstrar que é preciso tempo para fazer o trabalho de casa. De contrário a solução está à vista.
O problema é que os Senadores não querem ser capitaneados por um General do calibre de PPC. Ninguém está com ele e todos lhe fogem. Está tão abandonado como está o povo português com a sua governação. Este é o dilema e a nossa desgraça. Nunca quis estar tão errado.

Mário Russo
*novo AO