17/09/2012

Uma pergunta sem resposta


             O desemprego é, certamente, um dos grandes cancros da economia e das finanças do nosso país e já ultrapassa os 15%.
Eu concordo que os desempregados recebam um subsídio do estado. Seria trágico ficarem sem nada pois, na maioria dos casos, os ordenados não dão para economizar o suficiente para manter a família, às vezes durante um período relativamente longo, até encontrar novo emprego. Mas não concordo que não se lhes peça nada em troca e já fiz duas sugestões nesse sentido.
A primeira foi em 2009 (Linhas de Elvas de 23/12) e sugeria que todos os que recebem o subsídio de desemprego fossem abrigados a dar 4 horas de serviço cívico por dia, de 2ª a 6ª feira. O resto do dia seria dedicado a procurar emprego. Além da vantagem de passar a ter alguma produção durante o período de trabalho, tinha a vantagem de deixar de pagar subsídio a quem não aceitasse, ou porque  seriam os desempregados que não querem trabalhar ou porque tinham outros trabalhos e estavam a receber o subsídio ilegalmente. Os que estão de boa fé certamente aceitavam e aproveitavam para aumentar os seus conhecimentos. Alguns até talvez encontrassem emprego nos locais onde estivessem no serviço cívico.
A outra sugestão foi apresentada em 2012 (PÚBLICO de 10/5). O estado gasta, com os desempregados, além do subsídio,  todo o custo do serviço de desemprego, que não é certamente desprezível. Dividindo o custo total desse serviço pelo número de desempregados a receber subsídio temos o custo médio por pessoa. A sugestão foi que o estado contratasse para os seus serviços, pelo prazo que durasse o subsídio, os desempregados, com um salário que seria a soma do subsídio mais o custo acima indicado. Não consegui encontrar qualquer inconveniente nesse sistema, nenhum custo adicional ao que o estado está a pagar e as vantagens seriam os resultados do trabalho produzido.
Terminava esse artigo com a seguinte pergunta: "Qual seria o impacto na economia e nas finanças se, de repente, fossem transferidos para o estado, nas condições referidas, 100.000 (ou 200.000, ou mais) dos actuais desempregados?"
Apesar de algumas tentativas, ainda não consegui encontrar quem me desse resposta à pergunta. Por essa razão, até prova em contrário, continuo a pensar que seria uma muito vantajosa solução, sem qualquer custo adicional, para o grave problema do desemprego. Terei de pensar que Portugal não quer resolver os seus problemas?

Miguel Mota