15/09/2012

QUE TRISTE FADO O NOSSO…

foto da manifestação 15 S - JJ

Em Portugal atravessamos momentos de grande tensão devido ao momento que se vive por culpa ao aperto financeiro que nos foi imposto e que é transversal a toda a sociedade. Daí que a situação propicie também a existência de uma demagogia quase permanente, quase a roçar a histeria colectiva. A juntar a esta amálgama de sentimentos, uma espécie de paroquialidade bacoca da classe política (ela sim, culpada de todo este emaranhado de problemas em que Portugal se viu confrontado) que agora tende a culpar-se e a desculpar-se reciprocamente como se não fossem todos culpados deste descalabro total a que fomos conduzidos. Entre formas de clientelismo à descarada e corrupção generalizada, vivemos décadas acima das nossas possibilidades, dando perfusão à nossa imensa capacidade imaginativa e megalómana à custa de dinheiro alheio. Criaram-se Fundações disto e daquilo, fizeram-se estádios de futebol para o Euro 2004 (que hoje estão às moscas), investimentos em estradas e mais estradas com negócios ruinosos como o das PPP, criaram-se empresas públicas que são hoje autênticos elefantes brancos (RTP, Metro, Carris, Refer, STCP, Estrada de Portugal, TAP, …) com prejuízos na ordem dos milhões, o gastar a avulso na Parque Escolar com dinheiros a rodos a entrar nos bolsos de alguém, etc, etc. Como bons alunos que somos e com a avaliação positiva na 5ª revisão da Troika, entrarão mais uns milhões de empréstimo (que nos vão permitir mais uns alívios temporários no pagamento de salários) e assim ganhamos mais um ano para o ajustamento, à custa de um novo pacote de medidas brutal e que nos vai directamente ao bolso, simplesmente porque durante os últimos 30 anos não soubemos poupar, vivendo acima das nossas possibilidades. De quem a culpa? Essa sim não pode morrer solteira e dever-se-á fazer um levantamento sério da responsabilidade dos governos de Portugal desde o 25 de Abril. Todos têm culpas no cartório, de Vasco Gonçalves a Mário Soares, de Sá Carneiro a Mota Pinto, de Cavaco Silva a Guterres, de Durão a Sócrates passando por Santana Lopes e Passos Coelho. O que me espanta não são os sucessivos disparates e inabilidades de um Primeiro-ministro ainda atarantado e sem rumo certo, mas reparar que começam agora os coelhos a sair da toca, aqueles mesmos que durante os seis anos anteriores afundaram o País, sob a batuta do PS e daquele que goza de um idílico dourado em Paris, gritando agora a bem gritar contra todos os males com que nos debatemos e, que pressentindo uma nova investida ao Poder, esfregam as mãos de contentes como que passando uma esponja sobre o passado. A alternativa para governar, desgraçadamente, passa por aqueles que foram os culpados pela ruína do País levando-o à bancarrota e que nunca foram responsabilizados nem o serão pelos crimes de terem transformado um País decente numa nação mendiga que precisa de dinheiros alheios para poder sobreviver. Que sorte a nossa!!!

Daniel Braga