02/08/2012

“O CHAVÃO DA COMPETIVIDADE”

1.As entidades responsáveis deste País, incluindo o PR, nas suas visitas oficiais, vai não vai, vem à baila o problema da competividade.
2. Um País com maior competividade  é o país que consegue com maior facilidade, colocar os bens e serviços que produz, nos mercados externos, aumentando por isso as suas exportações.
3. Vem este tema a propósito da terceira alteração ao Código do Trabalho, que por iniciativa do Governo, procede a diversas mudanças laborais, dos quais se destacam os despedimentos mais facilitados e as indemnizações mais reduzidas.
4.A mudança no Código do Trabalho resulta das reformas laborais que estão inscritas no memorando de entendimento com a Troika, assinado a 18 de Janeiro entre o Governo e parceiros sociais, com excepção da CGTP.
5.Ao ouvir, hoje, o Ministro da Economia, peça chave neste acordo com os parceiros sociais, pareceu-me ser um homem satisfeito com as metas por si alcançadas no desenvolvimento do nosso Pais, por, em sua opinião, já expressa em várias intervenções públicas, de que a nossa legislação laboral é demasiada rígida, tornando-se necessário flexibilizá-la e que irá resolver 10% do desemprego. Pura ilusão.
6.Ora o Sr. Ministro sabe também que os problemas da competividade, além da rigidez atrás referida, prende-se também da falta de competição interna, a elevada carga fiscal e a dimensão excessiva da administração pública.
7.Daqui fazia o repto ao Sr. Ministro, como vai ele desenvolver a competividade deste País só com as alterações ao Código do Trabalho, não diminuindo a carga fiscal e nem sequer tocar nos desmandos da administração pública: notícias recentes informam que 40 assessores dos ministérios vão receber ou já receberam os subsídios de férias e com certeza receberão no Natal, com a ligeira justificação de que, quando assinaram os seus contractos estavam neles exarados esses requisitos. Mais uma excepção… e pergunta-se onde está o princípio de equidade?
8.O desemprego em alta, os salários dos trabalhadores, já de per si, os mais baixos da EU, as pensões das classes pobres, uma miséria, são estas as reformas estruturais que estão em marcha?
9. O que está aqui em causa, a nosso ver, é a violação dos princípios de igualdade e de proporcionalidade e uma questão de justiça, pois o cidadão merece das entidades, que o governam, que lhe seja dada dignidade e melhor condições de vida e os recursos que o País produz, cheguem até ele, para satisfação das suas necessidades básicas.
10.Estas ideias aqui expressas não são monopólio de esquerda ou de direita, mas sim o “princípio de justiça” que deve nortear o Homem vivendo em sociedade.
11.A Troika- representa os nossos credores – e temos para breve uma nova visita. Chegou a altura de minimizar o “memorando de entendimento”. Se assim não for feito, o País cairá abaixo dos “países classificados de terceiro mundo”. Ou então será um laboratório das ideias neo-liberais, no limiar do século XXI, que, em nossa opinião, já não servem aos Povos.

António Ramos