Portugal modernizou-se muito nos anos pós entrada na UE em infraestruturas
rodoviárias, saneamento básico, tratamento de resíduos sólidos,
telecomunicações, parque educacional, infraestruturas científicas, nem sempre
fazendo as melhores ou necessárias opções, mas nem tudo pode ser fadado à
condenação, como por vezes, no desespero em que nos encontramos, se faz crer.
O país tem condições especiais para atrair investimento estrangeiro e vocação
para o turismo, podendo atrair novos ricos que despontam na Rússia, China,
Brasil e Angola, só para falar nestes.
Deve, por isso, saber o que falta fazer para que tal aconteça. A atração do
investimento exige uma modernização administrativa urgente. Celeridade na
apreciação e na conceção dos licenciamentos. Justiça eficaz e célere, coisa que
todos sabemos estar a anos-luz de acontecer, é um empecilho.
Mas a 3ª indústria, o turismo, não pode ficar como está, entregue ao acaso,
como tenho constatado em diversas ocasiões a cara de vómito com que empregados
dos mais variados setores atendem esses turistas (sejam ricos ou não). É preciso
cuidar dos pormenores e muita formação complementar nas pessoas que estão
ligadas ao setor. As pessoas que lidam todos os dias com turistas são os que
dão a primeira impressão de Portugal, e nem sempre têm a melhor das atitudes,
bastas vezes roçando a boçalidade e o racismo, só porque não são europeus. Se o
país quer sair da crise tem de atrair esse investimento que outros estão a
fazer com sabedoria.
No outro lado da linha está a nossa capacidade de adaptação a outros
contextos e latitudes, que pode ser uma das saídas para a diminuição do desemprego,
sobretudo jovem e bem formado. É a internacionalização da nossa engenharia e
tecnologia, que pode desempenhar um papel fulcral de ajuda à economia. Mas
também aqui é preciso dar formação sobre culturas diferentes da que estão
habituados e apoiar os jovens que pretendam trabalhar lá fora.
Com efeito, todos devem estar conscientes de que ao estarem em funções
profissionais no estrangeiro, estão a representar Portugal e devem pugnar por
bons exemplos de ética e deontologia profissional. O rigor com que desenvolvem
trabalhos em Portugal, deve ser o mesmo em qualquer outro país, pois é um claro
sinal de respeito pelas pessoas desses países que é apreciado e reconhecido.
Pedro Passos Coelho anunciou apoio aos jovens diplomados com estágios. É
uma boa medida, mas investir em estágios em Portugal é gastar e adiar o
problema, pois 90% ou mais após o estágio vem para a rua. Penso que mais de 50%
desse apoio deveria ser canalisado para quem quisesse estagiar 12 meses no
estrangeiro (Angola, Brasil, Moçambique, Polónia, UK, China, Colômbia, USA, por
exemplo). Após o estágio, ao contrário do que acontecerá em Portugal, há maior
possibilidade de ficarem empregados, na empresa ou outra que entretanto tiveram
possibilidades de contactar nesse período.
Mãos à obra, que o tempo urge.
Mário Russo
*novo AO
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