07/04/2012

“UM PAÍS A CAMINHO DO ABISMO…”

1.Todos os dias quando abro as páginas dos jornais ou ouço e vejo as notícias, põe-se-me, como diz, o nosso povo, os cabelos em pé. 2.Após o Congresso do PSD, tive oportunidade de ouvir da boca do 1.º Ministro de Portugal que iriam rever os contratos das rendas excessivas da EDP.3.Fiquei, na realidade, estupefacto, porque, até ali, com excepção do Ministro da Economia, nunca tinha ouvido publicamente qualquer decisão por parte do 1.º Ministro.
4.Na expectativa e descrente pensei naquele velho provérbio que: quando “a esmola é grande até o pobre desconfia”. Soube, há pouco, que o tema das rendas excessivas não tinha sido tratado duma forma adequada e que tal decisão teria sido estranha para a Troica.
5. De seguida, surge a notícia nos cortes na doença e nos subsídios. Já hoje o grande tema “da suspensão temporária das reformas antecipadas, que à pressa e à socapa teria sido aprovada em Conselho de Ministros e promulgada, rapidamente, entrando nesta data, dia 6, em vigor. A justificação para tal pressa teria sido para evitar a corrida àquelas reformas e, estariam em cima da mesa, cerca de 90 mil pedidos para o presente ano.    Também, rapidamente, os sindicatos reagiram a tal decisão, contrariando tal medida, ouvindo-se ainda da parte do constitucionalista Bacelar de que se tornava tal medida inconstitucional. Para ele era suspeito, porque não foram cumpridas certas formalidades legais e para outro constitucionalista - Professor de Lisboa, de nome Duarte - que, como se tratava de uma decisão transitória, esta não era inconstitucional, porque não contrariava a Constituição. Duas opiniões contraditórias. E ainda, a telenovela do encerramento da “Maternidade Alfredo da Costa”.
6. Tudo isto, para mim é bastante preocupante, porque, como patriota, vejo o meu País a desagregar-se e a ser desmantelado, sob a bandeira do “GRANDE CAPITAL”, (refira-se, capital selvagem) que não tem fronteiras e que se apresenta com o pomposo nome de “mercados”. O F.M.I. já vem dizendo que põe, em dúvida, que Portugal, vá ao mercado, financiar-se já em 2013.  Lá se vai a teoria do Ministro das Finanças. Aqui, lá para lados de São Bento, é uma heresia contrariar os “iluminados pensantes” que sob a forma de “inevitabilidade” e que “não há dinheiro” pretendem seguir adiante. Há dinheiro, só que, são tomadas outras opções, que, a meu ver, não são as mais correctas.
7. Torna-se, ainda mais preocupante, o acórdão, que aí vem do Tribunal Constitucional, sobre o “enriquecimento ilícito”. Parafraseando a deputada social-democrata, Teresa Leal Coelho que não é possível “a manutenção do espectro de algumas riquezas acumuladas que não têm justificação” considerando-as uma “ ameaça à justiça social e ao desenvolvimento económico e social”. E acrescentou ainda: “os portugueses anseiam pela introdução de medidas que permitam reprimir estes comportamentos, que não são compatíveis com as reformas que o PSD quer levar a cabo” e que “não vão defraudar os portugueses”.
8. O que é certo é que o TC chumbou o enriquecimento ilícito. Alguém já classificou aquele Órgão, constituído de “comissários políticos”.
9. Que o digam os “profissionais da banca dos casinos”, que através do acórdão 497/97, de 9 de Julho de 1997 veio tributar as gratificações dos profissionais da banca, incluindo os funcionários das salas das máquinas e contrariando o princípio da “igualdade” obrigou aqueles funcionários a descontar 15% das gratificações e agora 10% em IRS. É importante esclarecer de que, naquela data, entravam nos casinos, por ano, dois milhões de euros. Como todo o mundo sabe, a gratificação é uma dádiva generosa dum cliente e só este grupo de funcionários foi tributado. Juridicamente e, em abono da verdade e da segurança jurídica, tal acórdão não deveria ter tomado tal decisão. Todavia, tomou.
10.Aguardemos também o desenrolar da telenovela do enriquecimento ilícito.
11. Daqui emito um voto e um desejo: “que a Drª. Paula Teixeira da Cruz, actual Ministra da Justiça, continue a sua luta, porque os interesses instalados são muito poderosos e se não houver gente de fibra no elenco governamental, o País soçobrará  e andará à deriva por muitos e muitos anos, sob a capa de mais um “protectorado” no mundo,

António Augusto Ramos Calhau