Desde que a missão de acompanhamento da Troika atua em
Portugal se verificou qual o nível dos nossos governantes. Pura subserviência
colonial e falta de dignidade enquanto representantes de um povo que os elegeu.
A missão tem o seu papel, que não pode ser escamoteado, mas
as suas conclusões só podem ser entregues ao governo e com os seus membros serem
escalpelizados todos os pontos das suas observações. A comunicação ao país é da
obrigação do governo e não dos funcionários dos financiadores que vieram fazer
uma fiscalização às contas.
PPC com a ajuda do Comissariado político PSD/CDS, a que
chamam Tribunal Constitucional, transformou Portugal num Estado que Não é de
Direito, onde todos os argumentos referentes à crise são pretexto para os mais
elementares atropelos aos direitos dos cidadãos.
Para quem tivesse dúvidas sobre a subserviência e falta de
estatura dos nossos governantes, em especial PPC e o ministro das Finanças, o
recente episódio das declarações do funcionário de 5º escalão da UE, Peter
Weiss, encarregue de ler as conclusões da avaliação da missão da Tróika para
Portugal, que se sentiu à vontade para dizer que os subsídios teriam mesmo de
serem eliminados no futuro e que o agravamento das condições não são
consequência das medidas de austeridade, mas por culpa dos desempregados e
daqueles que anteciparam os pedidos de reforma, em clara manifestação de
incompetência, mas também de desrespeito por um governo eleito num país “ainda”
soberano (mas pouco).
Porque é que se sentiu tão à vontade para se intrometer onde
não foi chamado? Porque encontra um governo subserviente, composto por
funcionários de 3º escalão, sem estatura e mentirosos. Terreno fértil para
qualquer ditadorzinho atuar sem regras.
O que é que o governo fez? Colocou no devido lugar esse
senhor? Não. Sentiu-se na necessidade de dar uma cambalhota e fazer trocadilhos
com as palavras para justificar o prolongamento do confisco dos subsídios por
mais ano e meio a resvalar gradualmente para as calendas. Argumento constante é
a crise.
Crise por eles cavada a cada dia que passa. Não me admira
que Vitor Gaspar, um funcionário da UE,
em vez de se impor, teve deferência por um seu ex-colega e numa
manifesta subserviência, não o corrigiu, mas seguiu o que ele disse, como
amanuense de uma qualquer fazenda em África, na época colonial, a cumprir as
ordens do seu patrão. Mas pior é que cumpre ordens do 5º escalão. Se ainda
fosse do Presidente da Comissão Europeia? Vá lá, sendo condenável, ainda
poderia entender, mas agachar-se assim é humilhante.
Sinto envergonha de ser cidadão de um país em que o meu
governo não se dá ao respeito com os de fora e transformou este país numa
Republiqueta das Bananas. Vale tudo para esses senhores subjugarem e castigar o
povo, mas nenhuma força para se imporem diante das investidas estrangeiras à
soberania do país.
Mário Russo
*escreve ao abrigo do novo AO