08/04/2012

Portugal: a Republiqueta das Bananas de PPC

Desde que a missão de acompanhamento da Troika atua em Portugal se verificou qual o nível dos nossos governantes. Pura subserviência colonial e falta de dignidade enquanto representantes de um povo que os elegeu.

A missão tem o seu papel, que não pode ser escamoteado, mas as suas conclusões só podem ser entregues ao governo e com os seus membros serem escalpelizados todos os pontos das suas observações. A comunicação ao país é da obrigação do governo e não dos funcionários dos financiadores que vieram fazer uma fiscalização às contas.
PPC com a ajuda do Comissariado político PSD/CDS, a que chamam Tribunal Constitucional, transformou Portugal num Estado que Não é de Direito, onde todos os argumentos referentes à crise são pretexto para os mais elementares atropelos aos direitos dos cidadãos.

Para quem tivesse dúvidas sobre a subserviência e falta de estatura dos nossos governantes, em especial PPC e o ministro das Finanças, o recente episódio das declarações do funcionário de 5º escalão da UE, Peter Weiss, encarregue de ler as conclusões da avaliação da missão da Tróika para Portugal, que se sentiu à vontade para dizer que os subsídios teriam mesmo de serem eliminados no futuro e que o agravamento das condições não são consequência das medidas de austeridade, mas por culpa dos desempregados e daqueles que anteciparam os pedidos de reforma, em clara manifestação de incompetência, mas também de desrespeito por um governo eleito num país “ainda” soberano (mas pouco).
Porque é que se sentiu tão à vontade para se intrometer onde não foi chamado? Porque encontra um governo subserviente, composto por funcionários de 3º escalão, sem estatura e mentirosos. Terreno fértil para qualquer ditadorzinho atuar sem regras.

O que é que o governo fez? Colocou no devido lugar esse senhor? Não. Sentiu-se na necessidade de dar uma cambalhota e fazer trocadilhos com as palavras para justificar o prolongamento do confisco dos subsídios por mais ano e meio a resvalar gradualmente para as calendas. Argumento constante é a crise.
Crise por eles cavada a cada dia que passa. Não me admira que Vitor Gaspar, um funcionário da UE,  em vez de se impor, teve deferência por um seu ex-colega e numa manifesta subserviência, não o corrigiu, mas seguiu o que ele disse, como amanuense de uma qualquer fazenda em África, na época colonial, a cumprir as ordens do seu patrão. Mas pior é que cumpre ordens do 5º escalão. Se ainda fosse do Presidente da Comissão Europeia? Vá lá, sendo condenável, ainda poderia entender, mas agachar-se assim é humilhante.

Sinto envergonha de ser cidadão de um país em que o meu governo não se dá ao respeito com os de fora e transformou este país numa Republiqueta das Bananas. Vale tudo para esses senhores subjugarem e castigar o povo, mas nenhuma força para se imporem diante das investidas estrangeiras à soberania do país.

Mário Russo
*escreve ao abrigo do novo AO