05/04/2012

Mais austeridade. Verdade ou mentira?

Portugal precisa de equilibrar as contas públicas custe o que custar, de modo a poder crescer, dizem os arautos e profetas da desgraça.  Por essa razão o governo está a cumprir um plano ditado pela troika, religiosamente defendido por Gaspar, um sacerdote implacável. Nem que isso signifique o aniquilamento de milhares de famílias. Mas para quem julgava que as medidas que estão e vão levar o país ao abismo eram suficientes, deve tirar ilações da inequívoca certeza que PPC deu na entrevista à TVI. Vem mais restrições e austeridade.
Os portugueses ainda não receberam o efeito do tsunami das medidas anunciadas e vão ter um presente reforçado. Mais fome a caminho.
Os funcionários públicos podem ter a certeza de que está assegurado o corte dos subsídios de férias e de Natal para o resto das suas vidas. Senão vejamos: a justificativa, pese embora ilegal e mesmo criminosa, porque não passa de um roubo, legalizado por uma lei ilegítima, é um ataque à despesa, logo, não vai ser reposta, caso em que aumentaria a despesa e logo o défice.
A  reposição destes subsídios (legalmente inalienáveis e impenhoráveis) não será feita exatamente porque não há compensação de receitas fiscais que possam permitir esta reposição. A economia está depauperada e vai piorar ainda mais, porque caímos num círculo vicioso de empobrecimento gradualmente acelerado. Cada corte em salários não aumenta a competitividade, ao contrário do propalado.
Os responsáveis pelo descalabro são os mesmos que estão a debitar as receitas. Não pode dar certo.
Portugal precisa de reformas profundas, é verdade, mas são verdadeiras revoluções nas áreas da administração central e local, na organização administrativa do território, no modelo de desenvolvimento económico, na justiça e na educação básica e secundária.
O resultado destas reformas é que tornaria o país mais competitivo devido aos ganhos de otimização, de melhoria na gestão, na poupanças por racionalização de meios, entre outros. Seriam estes resultados que trariam o tal equilíbrio financeiro, mas demoraria tempo a consolidar-se. Com o garrote aplicado, teremos a promessa de empobrecimento garantida.
E é sempre a piorar, mesmo que os arautos venham dizer que os índices apresentam comportamentos de crescimento. Nada mais ilusório, porque crescimento após uma dieta que nos leva a 1990 não é crescimento de coisa nenhuma, mas pura propaganda.
Não há nada que me convença que não virá mais austeridade e incertezas no horizonte que vislumbro ser perigoso. A fome é má conselheira, mas este governo, que PPC diz não ser de parvos, mas pelo menos parece, não se mostra minimamente disposto a governar para os portugueses, mas para os grandes lóbis, como já demonstrou à saciedade.

Mário Russo
*escreve ao abrigo do novo AO