09/03/2012

Dia da Mulher


Cheguei a casa e como é meu costume, durante e pós-prandial, assisti ao telejornal da RTP 1 (assisto sempre a este apesar das audiências recentes), conversei um bocado com uma amiga que jantou comigo, vimos a lua cheia e os principais planetas (o céu hoje estava excecional) e, após a observação dos astros, sintonizei o TV cine 4 e assisti ao filme Papisa Joana de SÖnKe Wortmann.
Agradeço esta atenção à ZON por ter passado este filme por ser o dia da mulher pois de facto este filme é emblemático, porque se há cargo para o qual não há hipótese de ascendermos é mesmo este de ser papa. Não é que eu ambicione este cargo porque sou muito pouco católica, mas de facto impressiona-me que as mulheres católicas e ambiciosas não o disputem.
Supostamente a papisa Joana terá assumido este cargo, dizem que é lenda, mas aposto que pode ser uma verdade apagada durante esse período de trevas, durante dois ou três anos, entre o papa Leão IV e Bento III (entre 850 e 858 DC). No filme de hoje ela sucedia a Sérgio II eleito em janeiro de 844 e falecido em janeiro de 847.
Na altura qualquer homem, não necessariamente do clero, podia ser nomeado papa. Foi em 1059 que o papa Nicolau II limitou a capacidade eleitoral passiva e ativa a um grupo específico de clericais que evoluiu depois para o conclave de cardeais.
Já agora um comentário: É confrangedor aceder aos resumos dos filmes (pressionando a tecla amarela do comando) pois às vezes a descrição sugere um filme histórico e este revela-se ser um filme de vampiros; outras vezes ocorrem enganos de mais de uma dezena de séculos, como hoje, em que se descreve que a papisa Joana governou no ano de 853 antes de Cristo e isto é um engano/pecado mortal pois haver papas antes de Cristo só nos filmes de ficção pré-históricos se os houvesse na altura.
O filme era giro e ficou-me na memória uma frase de um oponente à educação de uma jovem rapariga: Quanto mais aprendem as raparigas mais pequeno fica o seu útero.
Fiquei arrepiada e, agora, com a baixa natalidade dos portugueses e em simultâneo o elevado desemprego dos homens ( problema da crise da construção de civil deste país de trolhas e
outrora de marinheiros) ainda nos podem voltar a responsabilizar por esse facto e voltarmos não direi ao século IX depois de Cristo, mas à 3ª década do século XX, onde a educação das mulheres retrocedeu consideravelmente em relação à década pós-república.
Até já aboliram o feriado de 5 de Outubro.

Manuela Vaz Velho


*escreve ao abrigo do novo AO