17/02/2012

Quem deve estar muito grato


Eu creio que quem deve estar muito grato com os governos dos últimos sete anos é o Partido Comunista Português e também o Bloco de Esquerda.
Esmagar brutalmente a classe média, baixando-lhe enormemente o nível de vida - não deve tersido menos duns 40% - de forma a que muitos anteriormente considerados remediados passassem à categoria de pobres, é o processo de fabricar comunistas(1), uma espécie que até há pouco se considerava em vias de extinção. Ao mesmo tempo, a minoria de ricos a continuar florescente, como se vê todos os dias com alguns indicadores que não deixam dúvidas, mais agrava o desespero dos que se vêem a braços com problemas com que não contavam e a quem os governos continuam a pedir cada dia mais e mais austeridade. Em tais circunstâncias, não admira que se virem para quem denuncia os males e lhes promete diferente. A grande manifestação do dia 11-2-2012 mostrou bem o desespero de muita gente que tem sofrido esse agravamento. (A
propósito, não sei onde estariam os 300.000 que foram anunciados mas nos 18.000 m2 do Terreiro do Paço apenas cabia uma pequena fracção desse número). A vida, que estava equilibrada para o seu anterior nível de proventos, capaz de satisfazer os compromissos assumidos com os bancos, por exemplo para a compra da casa e outros encargos, deixou de o estar quando cortam brutalmente esses proventos e lhes aumentam os encargos com a supressão de serviços e benefícios. E os nossos economistas têm o descaramento de declarar que os portugueses "se endividaram estouvadamente", quando foram eles que criaram a situação que levou o país a esta desgraçada situação.
As erradíssimas políticas seguidas pelos nossos economistas fizeram o país entrar numa espiral de descida de que se não está a ver a saída. Dizem que é preciso ir buscar dinheiro aos que têm pouco porque os ricos são poucos e não chegavam para alimentar as despesas do estado. Mas se os impostos fossem suficientemente progressivos e se não se desse o caso de haver muitos que levam muito para casa e pagam muito pouco, o panorama seria totalmente diferente. E muitas das actuais despesas do estado são para dar chorudos lucros a privados, através das parcerias público privadas, "pareceres" desnecessários ou que os serviços tinham obrigação de fazer, etc.
A consequência do enorme corte no poder de compra da classe média teve como consequência directa uma redução do consumo na mesma proporção. E daí... falências em série, aumento do desemprego - com os necessários encargos - recessão e o país na espiral de descida.
Alguns falam vagamente na promoção do crescimento económico (que durante anos andaram a destruir) mas não vi medidas concretas nesse sentido. No sector em que é minha obrigação ter alguma competência, a agricultura, e em que estou farto de indicar o que há a fazer, não tenho conhecimento de que esteja em marcha o que propus e que, mais uma vez digo, não precisa de esperar pelas alterações de estrutura que estão em marcha. E já se desperdiçou quase um ano!
A menos que haja uma drástica alteração nas políticas seguidas até agora, o futuro, especialmente para os jovens, aparece cada vez mais negro.

Miguel Mota