Estava a ouvir uma reportagem na RTP 1 sobre o isolamento dos idosos, quer no distrito de Bragança, quer em Lisboa. Com exceção de um homem, pastor em Bragança, todas eram mulheres.
Também nestes últimos dois meses assistimos diversas vezes a notícias de idosos sozinhos encontrados mortos na sua habitação. O sistema de vizinhança, que substituía a família, nestas casas praticamente desabitadas da capital ou nas aldeias quase desertas, deixou de funcionar.
Não foi relevado de forma especial, mas foi dito que as idosas sozinhas da reportagem de Bragança têm muitos filhos e em Lisboa das idosas reportadas nenhuma tinha filhos.
Isto fez-me pensar que a dureza da vida raiana de Bragança esfriou o amor familiar. Os filhos saíram em busca de melhor vida e não regressam nem levam os pais. Ouvi-as dizer, coitadas, que eles não tinham possibilidades. Todos sabemos o que dizem dos pais que abandonam crianças, mas dos filhos que abandonam os pais idosos ninguém diz nada. E isto pode perpetuar-se porque segundo o ditado “Filho és, pai serás” com estes exemplos os netos dos idosos de Bragança um dia também se descartarão dos seus pais.
Ainda outra questão: as idosas de Lisboa que estão sozinhas vivem em casas degradadas da baixa lisboeta. Rendas baixas e senhorios que só esperam que elas se vão. Uma delas até era a única habitante de um prédio de 5 andares.
Não é que eu pretenda que os senhorios substituam a segurança social e a sua assistência domiciliária, mas como esta, segundo dizem, tem poucos anos de vida é preciso encontrar outras soluções.
Conclusão/conclusões: se ninguém pode obrigar os filhos dos idosos brigantinos a tomarem conta dos seus pais porque isso implicaria uma revolução de mentalidades que não se faz do pé para a mão, ou uma mudança da legislação que implicaria que um adulto idoso deixasse também de ter a opção de escolher viver sozinho, no caso da capital alguém - a autarquia - pode obrigar os senhorios a repararem os prédios degradados da baixa de Lisboa, e se estes não puderem suportar os custos da reparação sempre podem colocá-los à venda e com esse ganho dar uma indemnização ou o direito a uma fração ao velho inquilino, para viver, até ao fim dos seus dias, com dignidade.
Manuela Vaz Velho
*escrito ao abrigo do novo OA
Também nestes últimos dois meses assistimos diversas vezes a notícias de idosos sozinhos encontrados mortos na sua habitação. O sistema de vizinhança, que substituía a família, nestas casas praticamente desabitadas da capital ou nas aldeias quase desertas, deixou de funcionar.
Não foi relevado de forma especial, mas foi dito que as idosas sozinhas da reportagem de Bragança têm muitos filhos e em Lisboa das idosas reportadas nenhuma tinha filhos.
Isto fez-me pensar que a dureza da vida raiana de Bragança esfriou o amor familiar. Os filhos saíram em busca de melhor vida e não regressam nem levam os pais. Ouvi-as dizer, coitadas, que eles não tinham possibilidades. Todos sabemos o que dizem dos pais que abandonam crianças, mas dos filhos que abandonam os pais idosos ninguém diz nada. E isto pode perpetuar-se porque segundo o ditado “Filho és, pai serás” com estes exemplos os netos dos idosos de Bragança um dia também se descartarão dos seus pais.
Ainda outra questão: as idosas de Lisboa que estão sozinhas vivem em casas degradadas da baixa lisboeta. Rendas baixas e senhorios que só esperam que elas se vão. Uma delas até era a única habitante de um prédio de 5 andares.
Não é que eu pretenda que os senhorios substituam a segurança social e a sua assistência domiciliária, mas como esta, segundo dizem, tem poucos anos de vida é preciso encontrar outras soluções.
Conclusão/conclusões: se ninguém pode obrigar os filhos dos idosos brigantinos a tomarem conta dos seus pais porque isso implicaria uma revolução de mentalidades que não se faz do pé para a mão, ou uma mudança da legislação que implicaria que um adulto idoso deixasse também de ter a opção de escolher viver sozinho, no caso da capital alguém - a autarquia - pode obrigar os senhorios a repararem os prédios degradados da baixa de Lisboa, e se estes não puderem suportar os custos da reparação sempre podem colocá-los à venda e com esse ganho dar uma indemnização ou o direito a uma fração ao velho inquilino, para viver, até ao fim dos seus dias, com dignidade.
Manuela Vaz Velho
*escrito ao abrigo do novo OA