16/01/2012

Apresentação do livro de Mário Soares

Dia 14 de Janeiro de 2012, Leiria, auditório da livraria Arquivo.
Às 18 horas começaria uma sessão de apresentação do livro de Mário Soares, “… um político assume-se”. Fiz questão em estar presente, só que devia ter ocupado um lugar com mais antecedência, talvez meia hora antes. Quando cheguei, todo o auditório estava tomado, as escadas de acesso constituiam o único sítio possível para tentar seguir a sessão.
Fui (talvez ainda seja) militante ativo do PS desde os primeiros tempos da sua ação pós 25 de Abril de 1974. Participei na organização dos trabalhadores através das comissões de trabalhadores e dos sindicatos, nas grandes batalhas políticas e ideológicas de então, integrando órgãos institucionais da Concelhia e da Federação de Leiria, listas de candidatura do PS às Legislativas, Câmara Municipal de Leiria, Juntas de Freguesia, militando nas Presidenciais (as de Ramalho Eanes e de Mário Soares), até uma derradeira tentativa como Independente fiz, acabei por me cansar de tanto remar contra ventos e marés, já nos anos 90…
Quantas horas despendi de microfone na mão (cheguei a guiar uma carrinha com uma mão e com a outra a empunhar um microfone), reuniões e mais reuniões, folhetos, auto-colantes, cartazes, escritos, na convicção de que estava a defender um ideal de sociedade em que acreditava e ainda sonho!
O tempo passa, a vida traz-nos muitas desilusões…
De qualquer modo, Mário Soares foi e será para a História, um pilar muito forte na defesa da Democracia e da Liberdade.
Quanto a Socialismos, acabei por constatar que esta utopia é linda mas inatingível. Que socialismo? Que organização política duma Nação como Portugal, integrada numa Europa inexoravelmente retalhada, resistirá à implementação de princípios ideológicos fundamentados no Socialismo, ainda que encarados nas suas linhas mestras mais básicas?
Está à vista que bem podemos pregar aos sete ventos que a “luta continua”, o Homem jamais se conseguirá organizar numa sociedade Socialista, seja qual for a capa com que se vista.
O próprio Mário Soares é desta constatação uma prova irrefutável. Não foi ele que “meteu o Socialismo na gaveta”? E o que é que ele poderia ter feito, em alternativa, nas circunstâncias em que a sociedade global tem vindo a evoluir, a não ser apregoar os princípios em que se fundamenta uma sociedade mais justa, mais igualitária, a tender para o Socialismo?
O problema crucial, na atualidade, é que o Homem continua a viver como um ser iminentemente egoísta.
Como lutar contra o egoísmo inerente à própria genes do Homem?...
Não sei… nem consegui aprender ao longo de todos estes anos a tentar.
Alguém sabe?!…

António Nunes