Assim se faz uma peça jornalística sobre ensino superior, ciência e investigação, à mesa com o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, e outros ilustres representantes de universidades públicas e privadas, João Lobo Antunes, António Nóvoa, Fátima Barros, António Cruz Serra, Fernando Ulrick, a costumeira 1ª fila da plateia com outros convidados não tão ilustres que falam de vez em quando, e de pé, quando a apresentadora os incita a fazê-lo. Acho lamentável a ausência de representantes do sistema de ensino superior politécnico que representa 40% dos alunos do ensino superior.
Fazendo jus das palavras mágicas investigação aplicada usadas neste programa tão dinâmico onde a apresentadora se mexe imenso (talvez lhe perdoe o esquecimento de ontem, pela excelente peça que fez anteontem com o Manuel de Oliveira onde esteve sentada com muita calma e comoção perante 103 anos de existência quase sempre criativa), não é admissível fazer uma peça jornalística sobre este tema sem um convidado do ensino superior politécnico. Se não fosse o Ministro a mencionar o ensino Politécnico o assunto não teria vindo à baila. Mas não veio com o melhor dos exemplos - resolver as assimetrias regionais mas não manter escolas sem qualidade em nome dessa assimetria - porque ao contrário dos belos exemplos de investigação e inovação que foram apresentados por representantes de universidades privadas e públicas, todos pareceram esquecer que os Politécnicos fazem muito e bem investigação aplicada.
E estranho que o Fernando Ulrick, presidente do Conselho Geral da Universidade do Algarve, não tenha mencionado o ensino politécnico uma vez que a UALG é um exemplo da coexistência harmoniosa, sem duplicação de formações, dos sistemas universitário e politécnico, sendo que na UALG as Engenharias pertencem ao sub-sistema Politécnico.
Dois exemplos com forte impacto nacional e regional, mas tantos outros poderiam ser dados nos diversos domínios do conhecimento e de autores do Ensino Superior Politécnico:
1. A Via Verde e o chip das Scuts, criações
de uma escola do Instituto Politécnico de Lisboa, o ISEL;
2. A rede de fibra óptica do Alto-Minho, que forma um anel que permite ligar em alto débito Ponte de Lima, Viana do Castelo, Arcos de Valdevez, Ponte da Barca, Caminha e Esposende, pelo que mais tráfego e mais rapidez se tornou recentemente possível para os que usam esse anel, investimento de vários milhões de euros promovido pela Comunidade Intermunicipal Minho e Lima, e no qual o Instituto Politécnico de Viana do Castelo elaborou todos os estudos técnicos e desenvolveu todos os passos até aos concursos internacionais e ao surgimento da Minhocom.
Temo que a vetusta idade das Universidades possa sobrepor-se à juventude dos Politécnicos aquando da reorganização do sistema de ensino superior e esta reorganização seja feita sobretudo à custa dos Institutos Politécnicos.Manuela Vaz Velho