08/11/2011

A re-industrialização do País

Senhor Presidente e Ilustres membros do Conselho de Administração da
Associação Empresarial de Portugal,
Senhor Presidente e Estimados membros do Conselho de Administração
da Fundação AEP,
Senhor Presidente e Digníssimos membros do Conselho de Administração
da Fundação de Serralves,
Ilustres oradores nestas Jornadas,
Caro amigo Luís Valente de Oliveira,
Senhoras e Senhores,
Foi com grande prazer que aceitei o honroso convite que me foi
endereçado pelo Sr. Dr. Paulo Nunes de Almeida e pelo Sr. Eng. Luís Braga
da Cruz para encerrar estas Segundas Jornadas da Fundação AEP. Estamos
em Serralves, e só por isso ainda mais me sinto em casa.
A Fundação é ainda jovem, mas esta iniciativa enquadra-se bem na sua
Missão, complementar da que é prosseguida pela AEP.
A re-industrialização da economia foi o tema destas Jornadas. Pude
acompanhar com atenção algumas intervenções, e nelas reconheci o tino
e a ousadia que o assunto merece.
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Todos o sabemos, a economia portuguesa desindustrializou-se a partir de
meados da década de 1980. Segundo os últimos dados do INE, publicados
em Setembro – valores ainda provisórios –, o peso da ‘Indústria’ em
sentido lato – no Valor Acrescentado Bruto gerado na economia atingiu
23,5 por cento em 2010.
Faço notar que esta noção de ‘Indústria’ não coincide com o sector
transformador dedicado à produção de bens transaccionáveis, na medida
em que integra as actividades de ‘Energia, Água e Saneamento’ e de
‘Construção e Obras Públicas’.
Mas estamos em 23,5 por cento, quando a média da década de 1980 foi
de 40 por cento do PIB, a média da década de 1990 foi de 34 por cento e a
média da primeira década deste século foi de 26 por cento.
O declínio é evidente, e essa percepção seria ainda mais vincada se nos
cingíssemos aos sectores transformadores, já que as actividades de
‘Energia’ e de ‘Construção’ registaram crescimento do seu peso no PIB. Os
dados baseados na estrutura do emprego acusam a mesma tendência.
Todos conhecemos as causas deste processo: discutimo-las em seminários
e conferências ao longo destas décadas. Lembro-me de ver muitos dos
presentes, eu próprio, a participar nesses fóruns.
Fomos percebendo que este era um processo gradual e imparável. Fomo-nos
ajustando às circunstâncias, vendo-as ora como ameaças, ora como
desafios.
Facto é que a economia está dramaticamente desindustrializada. Menos
de um quarto da riqueza é gerada pela ‘indústria em sentido lato’ e, se nos ler mais


Belmiro de Azevedo,
Chairman da SONAE, SGPS, S.A.
Intervenção proferida no encerramento
das II Jornadas Fundação AEP – Serralves
Fundação de Serralves, 18 de Outubro de 2011


nota: enviado por Belmiro de Azevedo com autorização de publicação neste blogue