O programa Prós e Contras da RTP1 em 19-9-2011 pode ter sido uma pedrada no charco da agricultura portuguesa. Começo por referir que mostrou a espantosa diferença entre a actual Ministra da Agricultura e todos os que a precederam. Apesar de vir dum sector muito diferente, mostrou-se muito bem documentada e aparentou uma firme decisão de querer dar uma reviravolta no que tem sido a actuação, prejudicial para o país, dos que ocuparam aquela pasta. Estes, desde há muito que tudo vinham fazendo para destruir a agricultura, tendo sido esse incrível Jaime Silva o que "conseguiu" causar a maior destruição. Uma tal destruição causou ao país um prejuízo de muitos milhares de milhões de euros, talvez tanto ou mais que os das devastadoras parcerias público/privadas (PPP). E só não a destruíram totalmente graças a uns tantos agricultores que conseguiram sobreviver e nalguns casos, infelizmente não muitos, até com bom êxito.
O programa, duma forma geral bem estruturado, teve o grande mérito de mostrar aos portugueses um panorama da agricultura, bem diferente do que lhe vão apregoando, principalmente os nossos economistas, um dos quais até, há uns anos, lhe chamou "residual"! Apresentou vários casos de êxito e outros de grande potencial. Falou-se da Pêra Rocha e da maçã Bravo de Esmolfe, a primeira já com grande exportação (além do mercado interno) e o Bravo de Esmolfe, agora a ver crescer a área plantada. (Permitam-me que lembre o artigo "A Pêra Rocha e a maçã Bravo", que publiquei no Linhas de Elvas de 3-3-2011).
Falou-se na necessidade de os agricultores, especialmente os de pequenas explorações, se associarem, de forma a terem dimensão, um problema em que há mais de 50 anos venho insistindo. Dias depois do Prós e Contras, ouvi na rádio a ministra a comentar que, algumas vezes importamos produtos que existem no país, mas dispersos, de forma que não servem às grandes superfícies e insistindo na necessidade de formarem cooperativas, de que já há algumas, embora nem todas funcionem bem, e mostrando uma grande sensibilidade para o problema. Eu não quero o ministério a "fazer" as cooperativas. Mas uma das tarefas da extensão rural é exactamente chamar a atenção dos agricultores para a importância de se associarem e, quando necessário, ensinar como isso deve ser feito.
Os portugueses que assistiram a esse Prós e Contras ficaram a saber que a agricultura portuguesa é um sector de grande interesse económico e com um ainda maior potencial, que se desenvolverá se a actual ministra e os seus secretários de estado souberem e quiserem fazer o que é necessário. A ministra disse dos esforços que está a fazer para, ao contrário do que fez Jaime Silva, não devolver a Bruxelas dinheiro destinado ao desenvolvimento da agricultura. Oxalá o consiga.
A única falha que encontrei nesse Prós e Contras é que faltou tratar de "como" fazer a mudança de que a agricultura necessita. Num ou noutro caso falou-se brevemente da necessidade de "inovação". Como creio ter demonstrado na série de artigos que, ao longo de 11 semanas aqui publiquei, será necessário recuperar uma boa investigação agronómica, pois o que havia foi quase totalmente e criminosamente destruído nas últimas décadas. Para isso a ministra tem de ignorar a "lei" que manda destruir toda a investigação pública que não seja das universidades, o que é fácil, pois não está escrita nem publicada no Diário da República. Eu gostaria que tivesse havido alguém que dissesse da necessidade de recuperar urgentemente o que foi destruído e que mostrasse a importância da extensão rural, pois, em muitos casos, os agricultores evidenciam uma grande carência de conhecimentos. Há muitas melhorias que nem exigem investimentos em dinheiro mas apenas uma alteração do que já se faz.
Os meus parabéns à RTP e à Fátima Campos Ferreira por esta pedrada no charco, o bom serviço que prestaram, revelando aos portugueses muito que eles ignoravam e que a agricultura portuguesa não só está viva e a dar uma boa contribuição à nossa economia, mas que pode dar muito mais. Os meus parabéns também à senhora ministra, com votos de que consiga levar a bom termo a tarefa ingente a que, com tanta determinação, mostrou devotar-se.
Miguel Mota
O programa, duma forma geral bem estruturado, teve o grande mérito de mostrar aos portugueses um panorama da agricultura, bem diferente do que lhe vão apregoando, principalmente os nossos economistas, um dos quais até, há uns anos, lhe chamou "residual"! Apresentou vários casos de êxito e outros de grande potencial. Falou-se da Pêra Rocha e da maçã Bravo de Esmolfe, a primeira já com grande exportação (além do mercado interno) e o Bravo de Esmolfe, agora a ver crescer a área plantada. (Permitam-me que lembre o artigo "A Pêra Rocha e a maçã Bravo", que publiquei no Linhas de Elvas de 3-3-2011).
Falou-se na necessidade de os agricultores, especialmente os de pequenas explorações, se associarem, de forma a terem dimensão, um problema em que há mais de 50 anos venho insistindo. Dias depois do Prós e Contras, ouvi na rádio a ministra a comentar que, algumas vezes importamos produtos que existem no país, mas dispersos, de forma que não servem às grandes superfícies e insistindo na necessidade de formarem cooperativas, de que já há algumas, embora nem todas funcionem bem, e mostrando uma grande sensibilidade para o problema. Eu não quero o ministério a "fazer" as cooperativas. Mas uma das tarefas da extensão rural é exactamente chamar a atenção dos agricultores para a importância de se associarem e, quando necessário, ensinar como isso deve ser feito.
Os portugueses que assistiram a esse Prós e Contras ficaram a saber que a agricultura portuguesa é um sector de grande interesse económico e com um ainda maior potencial, que se desenvolverá se a actual ministra e os seus secretários de estado souberem e quiserem fazer o que é necessário. A ministra disse dos esforços que está a fazer para, ao contrário do que fez Jaime Silva, não devolver a Bruxelas dinheiro destinado ao desenvolvimento da agricultura. Oxalá o consiga.
A única falha que encontrei nesse Prós e Contras é que faltou tratar de "como" fazer a mudança de que a agricultura necessita. Num ou noutro caso falou-se brevemente da necessidade de "inovação". Como creio ter demonstrado na série de artigos que, ao longo de 11 semanas aqui publiquei, será necessário recuperar uma boa investigação agronómica, pois o que havia foi quase totalmente e criminosamente destruído nas últimas décadas. Para isso a ministra tem de ignorar a "lei" que manda destruir toda a investigação pública que não seja das universidades, o que é fácil, pois não está escrita nem publicada no Diário da República. Eu gostaria que tivesse havido alguém que dissesse da necessidade de recuperar urgentemente o que foi destruído e que mostrasse a importância da extensão rural, pois, em muitos casos, os agricultores evidenciam uma grande carência de conhecimentos. Há muitas melhorias que nem exigem investimentos em dinheiro mas apenas uma alteração do que já se faz.
Os meus parabéns à RTP e à Fátima Campos Ferreira por esta pedrada no charco, o bom serviço que prestaram, revelando aos portugueses muito que eles ignoravam e que a agricultura portuguesa não só está viva e a dar uma boa contribuição à nossa economia, mas que pode dar muito mais. Os meus parabéns também à senhora ministra, com votos de que consiga levar a bom termo a tarefa ingente a que, com tanta determinação, mostrou devotar-se.
Miguel Mota