Periodicamente aparece uma nova palavra que tem adesão generalizada. Foi o caso da “globalização”, da “multimédia” e de outras. Agora é a vez da “sustentabilidade”. É inacreditável que em pleno século XXI ainda existam pacóvios que entrem na onda dos modismos idiotas. Já repararam que é praticamente impossível ouvir uma entrevista, uma reportagem, uma declaração de um político, de um economista, um engenheiro, etc., onde a palavra “sustentável” ou “sustentabilidade” não entre? Hoje em dia tudo tem que ser sustentável. Não me admiro nada se, nalgum dia destes, deparar, num qualquer supermercado, com algum tipo de papel higiénico ou preservativos “sustentáveis”.
Demitem-se trabalhadores porque a “sustentabilidade” das contas é necessária. Por outro lado admitem-se pessoas para garantir a “sustentabilidade” do negócio. O presidente da república acredita firmemente que a “sustentabilidade” da economia está no mar, mas há controvérsias no sentido de que a exploração do mar não contribui para a “sustentabilidade” do meio ambiente. O partido mais votado, nas últimas eleições, garantiu a “sustentabilidade” das instituições democráticas. O partido perdedor fará das tripas coração para contribuir para o país com uma oposição amplamente “sustentável”. Investir nas energias renováveis é garantir a “sustentabilidade” dos sistemas futuros de distribuição energética. O projeto do TGV apesar do que todos afirmam, não será dispendioso para o país pois será financiado de forma “sustentável” pelos dinheiros de Bruxelas. Em contrapartida Cristiano Ronaldo permanecerá no Real Madrid de forma a fortalecer a “sustentabilidade” do clube para a próxima época. Paralelamente, as más notas em matemática e língua portuguesa, nos exames nacionais, comprometem significativamente a “sustentabilidade” do atual padrão de ensino.
Haja paciência! Era melhor ouvir o Paulo Bento a falar na “tranquilidade” dos seus jogadores
A verdade é que não obstante a quantidade estrondosa de “sustentabilidades” e as suas derivadas que andam por aí, os impostos continuam exagerados, a crise não acaba, não há emprego e, ao menos para já, não se vê luz “sustentável” ou por “sustentar” ao fim do túnel.
J. Campo Grande