22/08/2011

A nova equipa na Agricultura - 7


Durante o tempo que durou a chamada "Experiência Agrícola de Sever do Vouga", todos os anos a Shell publicava um Relatório elaborado pelo Eng.º Vital Rodrigues em que, além de descrever os trabalhos por ele realizados, dava os elementos económicos resultantes da sua actividade, considerando as despesas e os aumVerificação ortográficaentos de rendimento líquido para os agricultores resultantes da sua acção, nesse ano. Num Quadro e num gráfico eram apresentados os resultados até esse ano. O total desses resultados são apresentados no Quadro I e graficamente na Fig. 1, extraídos do Relatório de 1971, o último ano da Experiência. Como se pode ver, o crescimento das despesas foi relativamente lento, ao passo que o aumento do rendimento líquido para os agricultores mostrou um crescimento muito acelerado, consequência do aumento de confiança nos conselhos do Eng.º Vital Rodrigues e do que viam das mudanças que iam sendo efectuadas.
No ano de 1958, aliás, incompleto, as despesas foram apenas 131 contos e, obviamente, não houve qualquer aumento de rendimento líquido para os agricultores. Em 1959 a despesa foi de 186 contos e os aumentos de rendimento líquido para os agricultores foram modestos, apenas 130 contos, inferior às despesas. Mas, enquanto a curva das despesas (a linha tracejada) crescia muito lentamente, a curva dos aumentos de rendimento líquido para os agricultores (a linha a cheio) mostrava um crescimento muito acelerado. Em 1960, para uma despesa de 196 contos, os agricultores tiveram um aumento de rendimento líquido de 280 contos. As duas linhas continuaram a divergir grandemente e em 1971, para uma despesa de 388 contos, o aumento de rendimento líquido para os agricultores foi de 9.119 contos, 23 vezes a despesa!
No gráfico da Fig. 1, relativo aos números do Quadro I, há uma grande subida nas receitas de 1966, com o que parece ser um decréscimo para o ano seguinte. Na realidade, pode ver-se que o "pico" de 1966 é uma anomalia (neste caso benéfica...) numa curva perfeita de crescimento contínuo. O Eng.º Vital Rodrigues explicou-me que isso se deveu a ter, nesse ano, levado alguns agricultores a usarem motosserras para o abate de árvores (Sever do Vouga tem uma grande componente florestal), o que causou uma melhoria extraordinária da produtividade do trabalho. Naturalmente, nos anos seguintes já não contabilizou os ganhos resultantes dessa acção, mas o benefício, tal como referi para a solução da doença da "maromba" nas vinhas do Douro, continuou no futuro.
Penso que se pode dizer, como Sertório de Monte Pereira disse de Mota Prego, que Vital Rodrigues era uma medida de fomento. Mandá-lo para uma região era ter a certeza de que a agricultura dessa região se iria desenvolver.

Miguel Mota