Quando o Governo Português, depois do acontecimento 25 de Abril de 1974, entendeu, através dos seus mais ilustres e credenciados representantes políticos, que a adesão à CEE seria uma solução, estavam, penso eu, no uso pleno das suas faculdades mentais e o pensamento estava correcto.
Recordo, a propósito desta observação inicial, que, há cerca de cem anos, o filósofo espanhol Ortega y Gasset, a propósito da situação em Espanha, disse que a Espanha não tinha solução mas a Europa sim.
Logo, seria lógico pensar-se seria útil a adesão à CEE.
Todavia, hoje a Europa está diferente, melhor, a Europa de 74 não existe mais a não ser na nossa memória. E outra coisa mais importante ainda é que, se Portugal é o problema a Europa, ou esta Europa de hoje, não nos parece ser a solução. O que se vê em Portugal nesse momento, parece-me, é o desenvolvimento do subdesenvolvimento, ao qual assistimos passivamente, sem uma atitude contra, sem dizer não, como se o País fosse um lugar distante, habitado por gente que conhecemos mal, por quem não temos especial estima e que julgamos ser merecedor do fardo que está aí para carregar.
Mas penso que outro Portugal é possível e penso igualmente que outra Europa é possível.
Há uma ave trepadora na América Central que morre quando privada da liberdade. Portugal permitiu que entrassem na sua casa agentes estrangeiros e arrisca-se a perder a sua liberdade. Os portugueses, tal como os gregos e os espanhóis, viram na integração europeia uma oportunidade real para melhorar as suas condições de vida e garantir a estabilidade democrática. Mas esse projecto em que acreditaram imaginados pelos fundadores da EU já não existe. Foi abandonado no momento em que os princípios da solidariedade e da igualdade entre Estados, que constavam dos tratados, foram substituídos por lógicas monetárias e comerciais de governação definidas e postas em prática por países mais desenvolvidos, criando assim duas situações distintas, ou seja, a criação de Estados de primeira classe e Estados de segunda classe, ou, se quisermos, um centro europeu e uma periferia europeia. E isto não é correcto. Porque prejudica os Estados com menos potencialidades. O que não é justo.
Qual foi a atitude dos políticos portugueses perante este descalabro a que se chegou ?
João Brito Sousa
Recordo, a propósito desta observação inicial, que, há cerca de cem anos, o filósofo espanhol Ortega y Gasset, a propósito da situação em Espanha, disse que a Espanha não tinha solução mas a Europa sim.
Logo, seria lógico pensar-se seria útil a adesão à CEE.
Todavia, hoje a Europa está diferente, melhor, a Europa de 74 não existe mais a não ser na nossa memória. E outra coisa mais importante ainda é que, se Portugal é o problema a Europa, ou esta Europa de hoje, não nos parece ser a solução. O que se vê em Portugal nesse momento, parece-me, é o desenvolvimento do subdesenvolvimento, ao qual assistimos passivamente, sem uma atitude contra, sem dizer não, como se o País fosse um lugar distante, habitado por gente que conhecemos mal, por quem não temos especial estima e que julgamos ser merecedor do fardo que está aí para carregar.
Mas penso que outro Portugal é possível e penso igualmente que outra Europa é possível.
Há uma ave trepadora na América Central que morre quando privada da liberdade. Portugal permitiu que entrassem na sua casa agentes estrangeiros e arrisca-se a perder a sua liberdade. Os portugueses, tal como os gregos e os espanhóis, viram na integração europeia uma oportunidade real para melhorar as suas condições de vida e garantir a estabilidade democrática. Mas esse projecto em que acreditaram imaginados pelos fundadores da EU já não existe. Foi abandonado no momento em que os princípios da solidariedade e da igualdade entre Estados, que constavam dos tratados, foram substituídos por lógicas monetárias e comerciais de governação definidas e postas em prática por países mais desenvolvidos, criando assim duas situações distintas, ou seja, a criação de Estados de primeira classe e Estados de segunda classe, ou, se quisermos, um centro europeu e uma periferia europeia. E isto não é correcto. Porque prejudica os Estados com menos potencialidades. O que não é justo.
Qual foi a atitude dos políticos portugueses perante este descalabro a que se chegou ?
João Brito Sousa