Portugal está numa encruzilhada há vários anos, apesar de só agora os seus efeitos se manifestarem de forma tão crua e evidente. O país foi governado por sucessivos elencos políticos de duvidosa competência técnica, sempre focados na eleição seguinte.
Não importava como se gastavam os milhões de milhões oriundos da UE. Se era em fanfarronices e rotundas ou em auto-estradas para tudo quanto é lugar, tanto dava. Os dinheiros vinham em catadupa, sem requisitos a impor o que quer que fosse. Ninguém se preocupou com a modernização dos meios de produção e da competitividade do país. Abatiam-se diversos setores em nome da modernização (não sei de quê?). Não se faziam as responsáveis contas, porque alguém haveria de se encarregar de pagar a conta. Ela aí está.
Agora, mais uma vez, é de fora que alguém vem dizer que os portugueses precisam de se governar, ou deixar que outros o façam. O diagnóstico é contundente e resume-se numa frase: os portugueses gastaram o que não tinham de forma irresponsável e viveram todos estes anos acima das suas reais possibilidades. Os salários não correspondem à produção real, desequilibrando drasticamente a competitividade dos produtos portugueses.
Disseram o que é preciso fazer, se quisermos sair deste imbróglio criado pelos sucessivos governos imaturos que tivemos ao longo do tempo, depois do 25 de Abril. Traçaram metas precisas do que fazer e quando fazer, porque infelizmente não temos políticos com seriedade e competência para o fazerem.
Neste momento o que menos precisamos é do mesmo tipo de populismo que nos levou a este beco sem saída. O que menos precisamos é da verborreia de políticos que ante este desastre ainda têm a petulância de se arvorarem em virgens ofendidas.
Estão a inventar IVAs mais altos e TSU mais baixas, que não passam de panaceias, que nos empobrecem cada vez mais e, pior que tudo, não resolvem o problema de fundo. Ou seja, haverá sacrifícios enormes em nome de nada.
Não vale a pena enganarmo-nos. O país não pode ser competitivo com a massa salarial vigente, ante tão baixa produtividade. Não deveria ser este o caminho, mas terá de ser, porque os governos quando puderam inverter a situação assobiaram para o lado. Baixar já salários nas empresas terá efeitos imediatos e será a única forma de repor a verdade da produtividade e colocar a nossa economia no trilho da competitividade, libertando o país do garrote que o atormenta.
Se não for feito agora, as terapias que nos forçarão a adoptar mais tarde, serão muito mais penosas e por longos anos.
Falar a verdade, que tem sido reiteradamente escamoteada, é um imperativo nacional, da mesma dimensão do patriotismo que o país exige de todos nós nesta hora de aflição.
O que podemos fazer pelo país e não o contrário. Para isso é preciso não cair mais uma vez na armadilha da mentira de quem nos mentiu o tempo todo. Quem prometeu e não cumpriu. Quem sabia do estado das finanças e enganou tudo e todos, com a cândida face de anjo a oferecer bónus para de seguida o retirar apenas para ganhar eleições.
Mas parece que o povo português ainda não percebeu qual a real situação do país e gosta de ser enganado. É estranho, mas de facto é capaz de tropeçar não pela segunda, mas pela terceira vez na mesma pedra, ao contrário de todos os outros animais, que não tropeçam na mesma pedra duas vezes.
Mário Russo
*novo acordo ortográfico
Não importava como se gastavam os milhões de milhões oriundos da UE. Se era em fanfarronices e rotundas ou em auto-estradas para tudo quanto é lugar, tanto dava. Os dinheiros vinham em catadupa, sem requisitos a impor o que quer que fosse. Ninguém se preocupou com a modernização dos meios de produção e da competitividade do país. Abatiam-se diversos setores em nome da modernização (não sei de quê?). Não se faziam as responsáveis contas, porque alguém haveria de se encarregar de pagar a conta. Ela aí está.
Agora, mais uma vez, é de fora que alguém vem dizer que os portugueses precisam de se governar, ou deixar que outros o façam. O diagnóstico é contundente e resume-se numa frase: os portugueses gastaram o que não tinham de forma irresponsável e viveram todos estes anos acima das suas reais possibilidades. Os salários não correspondem à produção real, desequilibrando drasticamente a competitividade dos produtos portugueses.
Disseram o que é preciso fazer, se quisermos sair deste imbróglio criado pelos sucessivos governos imaturos que tivemos ao longo do tempo, depois do 25 de Abril. Traçaram metas precisas do que fazer e quando fazer, porque infelizmente não temos políticos com seriedade e competência para o fazerem.
Neste momento o que menos precisamos é do mesmo tipo de populismo que nos levou a este beco sem saída. O que menos precisamos é da verborreia de políticos que ante este desastre ainda têm a petulância de se arvorarem em virgens ofendidas.
Estão a inventar IVAs mais altos e TSU mais baixas, que não passam de panaceias, que nos empobrecem cada vez mais e, pior que tudo, não resolvem o problema de fundo. Ou seja, haverá sacrifícios enormes em nome de nada.
Não vale a pena enganarmo-nos. O país não pode ser competitivo com a massa salarial vigente, ante tão baixa produtividade. Não deveria ser este o caminho, mas terá de ser, porque os governos quando puderam inverter a situação assobiaram para o lado. Baixar já salários nas empresas terá efeitos imediatos e será a única forma de repor a verdade da produtividade e colocar a nossa economia no trilho da competitividade, libertando o país do garrote que o atormenta.
Se não for feito agora, as terapias que nos forçarão a adoptar mais tarde, serão muito mais penosas e por longos anos.
Falar a verdade, que tem sido reiteradamente escamoteada, é um imperativo nacional, da mesma dimensão do patriotismo que o país exige de todos nós nesta hora de aflição.
O que podemos fazer pelo país e não o contrário. Para isso é preciso não cair mais uma vez na armadilha da mentira de quem nos mentiu o tempo todo. Quem prometeu e não cumpriu. Quem sabia do estado das finanças e enganou tudo e todos, com a cândida face de anjo a oferecer bónus para de seguida o retirar apenas para ganhar eleições.
Mas parece que o povo português ainda não percebeu qual a real situação do país e gosta de ser enganado. É estranho, mas de facto é capaz de tropeçar não pela segunda, mas pela terceira vez na mesma pedra, ao contrário de todos os outros animais, que não tropeçam na mesma pedra duas vezes.
Mário Russo
*novo acordo ortográfico