Antes de sê-lo, a democracia, era simplesmente a vontade dos oprimidos. Foi a condição destes últimos que através da sua enorme vontade de se libertar dessa opressão, lhe deu significado. Só quando algo tem genuinamente significado para todos pode ser democrata, assim e para que seja lógica, a democracia, precisa de um conjunto de qualidades humanas colocadas de facto em prática em prol dela, para que ela respire e assim viva, cresça e se fortaleça. Sem tais práticas, será uma questão de tempo para que das duas uma – se transmute ou definha e morra. No nosso caso, sociedades democráticas, na sua maioria, ela transmutou-se e muito por culpa da falta de nobreza dos dirigentes que são os seus guardiões ou pelo menos deveriam ser. O que restou afinal foi um sistema pluralista que serve os interesses dos seus amos e não de um sistema multi-pluralista que serve o interesse de todos e para o qual é necessário que alguns desempenhem a função de a dirigir. Mas dirigi-la, nada mais é que cuidá-la para que os tais princípios e práticas se façam sentir, permitindo que a ela seja de facto democrática. Ela, porque responde ao anseio do ser Humano, é por excelência uma doutrina que depende da nobreza de espírito de quem exerce o seu comando, pois é necessário uma entrega, não à coisa publica, mas sim uma entrega de amor fraterno ao próximo. É necessário um desprendimento total dos sentimentos que canalizam o Homem para uma maior individualização e isso só é possível quanto a consciência, dos que comandam, já transcendeu os sentimentos que canibalizam o Nós em prol do eu. Ilusoriamente pensamos que vivemos em democracia, mas de facto, este é mais um mundo de MATRIX, pois mais tarde ou mais cedo descobriremos que esta é uma ilusão. Até hoje, porque nos davam doses de “ilusões” pouco nos importava, nem nos questionávamos sobre tais factos, pois a “dose diária” mantinha-nos na ilusão. Mas e agora?! Agora que o próprio sistema que oprime, não tem dinheiro para financiar tal ilusão. Será que é agora que surgirá o despertar para uma nova época em que mesmo sofrendo dos efeitos da “ressaca do desmame” iremos ter a coragem de enfrentar a dura e pura realidade, mas com a possibilidade de pela primeira vez, sermos de facto donos do nosso destino. Para que o paradigma se altere, a natureza já fez o seu trabalho, pois tem-nos sensibilizado para a união, isto, ela tem feito através das manifestações da seu enorme poder, levando-nos a pensar seriamente no quanto o ser Humano é pequeno perante toda a natureza e mostrando-nos sabiamente que o seu poder está na harmonia que resulta da união que toda ela expressa. Falta que se feche o circulo da verdadeira e derradeira união entre os Homens e para isso falta quem mostre o caminho. Este tem que ser ensinado de forma simples, sem dogmas, credos, ideologias politicas, apenas através da simplicidade do amor verdadeiro e fraterno.
A. Carvalho