O recente episódio da suspensão da avaliação da avaliação dos professores foi mais um daqueles eventos que mostra a qualidade dos nossos políticos. Não está em causa o julgamento do tedioso e horroroso modelo burocrático inventado por este PS, mas a forma como as coisas devem ser feitas. Quando a oposição força o governo a demitir-se, é de bom senso o Partido da alternância de poder comportar-se com sentido de Estado. O PSD não se portou como tal. Podia discordar, e bem, do modelo vigente, mas não forçar o seu enterro. Devia denunciar a suspensão da maioria das consequências da avaliação impostas pelo governo (deu com uma mão e tirou com a outra) ocorrida no PEC3, mas não devia ir atrás de populismos baratos e anti éticos. Parar, refletir e propor mais tarde as alterações, já como governo. O PSD, sendo governo no futuro, não terá condições de impor seja o que for sem uma vaga de contestação enorme. Estou a ficar cada vez mais desanimado com o que poderei esperar de um governo destes políticos que estão no PSD, pela amostra de pequenos detalhes já vindos a lume. Vamos mesmo muito mal. Outra coisa que não percebo é porque os partidos não concordaram em alterar algumas regras nefastas, como os longos prazos ainda vigentes e justificáveis após o 25 de Abril, mas obsoletos hoje em dia com a televisão, rádio e internet e a banda larga. Com efeito, em caso de dissolução antecipada do AR, deveria ser possível realizar-se eleições em 15 dias, mobilizando apenas a televisão, rádio e internet. Os partidos do arco do poder têm que ter os seus gabinetes de estudos prontos a debitar os programas e saberem o que fazer na governação, ou não podem merecer o estatuto de partidos do poder, mas palpiteiros aventureiros do poder. Os próximos dias saberemos mais e PPC terá que pôr ordem no saco de gatos do seu partido, se quiser governar, porque o povo pode chegar à conclusão que é melhor deixar a incompetência instalada, mas com experiência dos revezes (que ensinam), que mudar por mudar, eventualmente para pior, dada a amostra evidenciada, que não augura nada de bom. É certo que os políticos emanam da sociedade e nessa medida todos os portugueses têm responsabilidade pelos políticos que são eleitos. Não podendo, para já, alterar o modo de escolha das listas, obrigando-nos, deste modo, a votar em quem a “camarilha” escolhe, ou seja, uma ditadura de minorias, cabe-nos, por outro lado, lutar para que os políticos nos ouçam. E só há uma maneira disso acontecer, que é a conjugação da participação cívica popular, por um lado, e da ética e deontologia que muitos políticos ainda exibem neste domínio. Para já, participação cívica é o que faz o CdP. Precisamos de mais.
Mário Russo
*novo acordo ortográfico
Mário Russo
*novo acordo ortográfico