Reportagem
Clube dos Pensadores
Joaquim Jorge
“Fazer uma revolução pacífica”
O Clube dos Pensadores teve o seu inicio num blogue na internet no ano de 2006 e, desde então, tem vindo a evoluir de uma forma continua e sustentada, sendo hoje um espaço de referência em termos de cidadania na sociedade portuguesa.
Joaquim Jorge, natural de São Mamede Infesta, biólogo e fundador do clube, tem desempenhado um trabalho notável na promoção e divulgação de um projecto que ganhou dimensão nacional através dos debates realizados com figuras públicas de destaque e também através do programa de rádio semanal que, à semelhança dos debates, permite a participação do público, desde o cidadão mais anónimo à figura pública de maior destaque.
Apesar do indiscutível sucesso do Clube dos Pensadores, nem tudo é um mar de rosas como nos explica Joaquim Jorge na entrevista que se segue. Fiquemos então a conhecer um pouco melhor como surgiu e tem evoluído este autêntico fenómeno na sociedade portuguesa.
Quando e como surgiu a ideia de fundar o Clube dos Pensadores?
Apeteceu-me participar e intervir e não tinha onde nem como. Ao promover debates foi a forma que arranjei para poder ter voz activa, eu gosto de pessoas e estar com pessoas. Na política nada se faz sem as pessoas nem contra as pessoas. Tinha o blogue, depois surgiu o programa de rádio como complemento e uma extensão dos debates. Mas os debates são local por excelência, ver as pessoas olhos nos olhos , poder contradizer ou estar de acordo e ver a reacção das pessoas.
Quais os objectivos?
Fazer uma revolução pacífica de mentalidades e de ideias, primeiro e segundo fazer uma opinião pública informada e inteligente. Desta forma quem tem responsabilidades na "coisa pública" tem em atenção este facto. Ser um lobby de pensamento para o bem comum e público.
Como conseguiu montar uma rede de comunicação tão forte, ainda para mais quando se trata de um projecto independente?
Não sei, fui fazendo e apercebi-me que o Clube dos Pensadores (CdP) tem mercado as pessoas aderem, gostam e participam. Muito trabalho, persistência e astúcia. Muitos jornalistas acham piada a longevidade deste projecto e ajudam a divulgar sempre que podem. Conquistar as pessoas livres e por sua conta é que é difícil, agora reuniões para dar lugares é fácil ou quando há interesses por trás. Aqui não, nunca tive o hábito de comprar ninguém nem de me deixar comprar.
Quais os critérios que utiliza para escolher os convidados?
Os mais diversos e depende do momento. Mas o CdP não é só política, também é desporto, ambiente, jornalismo, etc. É transversal e trans-individual pois ouve pessoas mesmo não estando de acordo. Pedagogia política e pedagogia no ser e de estar. Fazer debates sempre com a mesma cor política ou da mesma família política é muito mais fácil, são conhecidos e têm os mesmos interesses. Agora ter gente de todos os quadrantes políticos não é fácil. Aliás está na moda fazer debates mas o CdP já faz debates há quase cinco anos. E, eu não gosto de fotocópias gosto de originais.
Das várias personalidades presentes nos debates do Clube, qual o marcou mais e porquê?
Todas, cada uma com as suas vicissitudes e personalidade. Umas gostei mais outras menos, mas é natural.
Alguma desilusão em especial, porquê?
Não, nunca tive nenhuma desilusão. Fiquei sim a conhecer melhor o convidado e a perceber o seu ideal que muitas vezes passa despercebido à opinião pública em geral. O conviver de perto, jantar, trocar impressões é importante para ter um juízo mais fidedigno.
Considera-se temido pelo poder político?
Não. Não sei porque pergunta isso! Agora digo o que penso sem joguinhos e o politicamente correcto. Se isso é temível, não sei, mas não quero mal a nenhum político. A vigarice e a mentira são-nos apresentadas como a única forma de governo. A democracia é imperfeita, como dizia Winston Churchill, contudo as nossas decisões podem melhorá-la. E, a democracia não pode ser só os partidos deve haver lugar a outros protagonistas e tipos de intervenção. O nosso sistema político é disfuncional. Os portugueses lentamente estão a compreender que o verdadeiro repto que enfrentam não é substituir uns dirigentes políticos por outros. É sim, corrigir um sistema político que deixou de funcionar, é preciso criar um banco de cérebros e ideias que passe para além dos partidos e emanem da sociedade civil, como aqui neste micro-espaço (debates, blogue, rádio, televisão) temos feito, criticamos e muitas e muitas vezes sugerimos.
Já foi vítima de pressões a esse ou outro nível?
Muitas, políticas, económicas, para trazer convidados, etc. Ouço e não ligo nenhuma. Desde que acham que eu sou importante tentam de todas as maneiras e feitios influenciar.
Pensou em desistir?
Sim, muitas vezes. Mas de repente, num ápice continuo e não desisto porque acho que este Clube está a tornar-se um símbolo e um refúgio de muita gente mais parecendo um farol. Muita e muita gente revê-se nas minhas ideias e isso é bom.
Qual a sua opinião acerca de Matosinhos nas várias vertentes?
Guilherme Pinto tem sido uma renovada surpresa pois já não o é. Já tinha dado provas no último mandato senão não tinha vencido. Continua o seu caminho, de uma forma sensata equilibrada e ponderada. Acho notável como um número dois, se tornou um número um indiscutível. Todavia deve ouvir pessoas fora da sua esfera política , primeiro Matosinhos e só depois o PS. Sou a favor da criação de um conselho estratégico consultivo para Matosinhos como banco de ideias e cérebros, em que Guilherme Pinto auscultava como entendesse essas pessoas escolhidas por si. A política não é só eleições e cargos electivos, é preciso envolver todos. Por exemplo o CdP e eu próprio deveríamos ser mais bem aproveitados. Sou nascido e criado em São Mamede de infesta, tenho um programa de rádio, dizem que é bastante ouvido e conhecido. Ao mesmo tempo ter uma boa relação com todas as freguesias, a começar com a freguesia de Matosinhos. Esse binómio é fundamental e não me parece que haja uma boa relação. Integrar nas estruturas da CM Matosinhos pessoas que nem sempre estiveram com ele. Eu sei que Guilherme Pinto é capaz disso e muito mais. Acho-o um pacificador e dialogante. Desta forma CM Matosinhos fica a seus pés enquanto ele quiser.
Pedro Brandão Correia
Clube dos Pensadores
Joaquim Jorge
“Fazer uma revolução pacífica”
O Clube dos Pensadores teve o seu inicio num blogue na internet no ano de 2006 e, desde então, tem vindo a evoluir de uma forma continua e sustentada, sendo hoje um espaço de referência em termos de cidadania na sociedade portuguesa.
Joaquim Jorge, natural de São Mamede Infesta, biólogo e fundador do clube, tem desempenhado um trabalho notável na promoção e divulgação de um projecto que ganhou dimensão nacional através dos debates realizados com figuras públicas de destaque e também através do programa de rádio semanal que, à semelhança dos debates, permite a participação do público, desde o cidadão mais anónimo à figura pública de maior destaque.
Apesar do indiscutível sucesso do Clube dos Pensadores, nem tudo é um mar de rosas como nos explica Joaquim Jorge na entrevista que se segue. Fiquemos então a conhecer um pouco melhor como surgiu e tem evoluído este autêntico fenómeno na sociedade portuguesa.
Quando e como surgiu a ideia de fundar o Clube dos Pensadores?
Apeteceu-me participar e intervir e não tinha onde nem como. Ao promover debates foi a forma que arranjei para poder ter voz activa, eu gosto de pessoas e estar com pessoas. Na política nada se faz sem as pessoas nem contra as pessoas. Tinha o blogue, depois surgiu o programa de rádio como complemento e uma extensão dos debates. Mas os debates são local por excelência, ver as pessoas olhos nos olhos , poder contradizer ou estar de acordo e ver a reacção das pessoas.
Quais os objectivos?
Fazer uma revolução pacífica de mentalidades e de ideias, primeiro e segundo fazer uma opinião pública informada e inteligente. Desta forma quem tem responsabilidades na "coisa pública" tem em atenção este facto. Ser um lobby de pensamento para o bem comum e público.
Como conseguiu montar uma rede de comunicação tão forte, ainda para mais quando se trata de um projecto independente?
Não sei, fui fazendo e apercebi-me que o Clube dos Pensadores (CdP) tem mercado as pessoas aderem, gostam e participam. Muito trabalho, persistência e astúcia. Muitos jornalistas acham piada a longevidade deste projecto e ajudam a divulgar sempre que podem. Conquistar as pessoas livres e por sua conta é que é difícil, agora reuniões para dar lugares é fácil ou quando há interesses por trás. Aqui não, nunca tive o hábito de comprar ninguém nem de me deixar comprar.
Quais os critérios que utiliza para escolher os convidados?
Os mais diversos e depende do momento. Mas o CdP não é só política, também é desporto, ambiente, jornalismo, etc. É transversal e trans-individual pois ouve pessoas mesmo não estando de acordo. Pedagogia política e pedagogia no ser e de estar. Fazer debates sempre com a mesma cor política ou da mesma família política é muito mais fácil, são conhecidos e têm os mesmos interesses. Agora ter gente de todos os quadrantes políticos não é fácil. Aliás está na moda fazer debates mas o CdP já faz debates há quase cinco anos. E, eu não gosto de fotocópias gosto de originais.
Das várias personalidades presentes nos debates do Clube, qual o marcou mais e porquê?
Todas, cada uma com as suas vicissitudes e personalidade. Umas gostei mais outras menos, mas é natural.
Alguma desilusão em especial, porquê?
Não, nunca tive nenhuma desilusão. Fiquei sim a conhecer melhor o convidado e a perceber o seu ideal que muitas vezes passa despercebido à opinião pública em geral. O conviver de perto, jantar, trocar impressões é importante para ter um juízo mais fidedigno.
Considera-se temido pelo poder político?
Não. Não sei porque pergunta isso! Agora digo o que penso sem joguinhos e o politicamente correcto. Se isso é temível, não sei, mas não quero mal a nenhum político. A vigarice e a mentira são-nos apresentadas como a única forma de governo. A democracia é imperfeita, como dizia Winston Churchill, contudo as nossas decisões podem melhorá-la. E, a democracia não pode ser só os partidos deve haver lugar a outros protagonistas e tipos de intervenção. O nosso sistema político é disfuncional. Os portugueses lentamente estão a compreender que o verdadeiro repto que enfrentam não é substituir uns dirigentes políticos por outros. É sim, corrigir um sistema político que deixou de funcionar, é preciso criar um banco de cérebros e ideias que passe para além dos partidos e emanem da sociedade civil, como aqui neste micro-espaço (debates, blogue, rádio, televisão) temos feito, criticamos e muitas e muitas vezes sugerimos.
Já foi vítima de pressões a esse ou outro nível?
Muitas, políticas, económicas, para trazer convidados, etc. Ouço e não ligo nenhuma. Desde que acham que eu sou importante tentam de todas as maneiras e feitios influenciar.
Pensou em desistir?
Sim, muitas vezes. Mas de repente, num ápice continuo e não desisto porque acho que este Clube está a tornar-se um símbolo e um refúgio de muita gente mais parecendo um farol. Muita e muita gente revê-se nas minhas ideias e isso é bom.
Qual a sua opinião acerca de Matosinhos nas várias vertentes?
Guilherme Pinto tem sido uma renovada surpresa pois já não o é. Já tinha dado provas no último mandato senão não tinha vencido. Continua o seu caminho, de uma forma sensata equilibrada e ponderada. Acho notável como um número dois, se tornou um número um indiscutível. Todavia deve ouvir pessoas fora da sua esfera política , primeiro Matosinhos e só depois o PS. Sou a favor da criação de um conselho estratégico consultivo para Matosinhos como banco de ideias e cérebros, em que Guilherme Pinto auscultava como entendesse essas pessoas escolhidas por si. A política não é só eleições e cargos electivos, é preciso envolver todos. Por exemplo o CdP e eu próprio deveríamos ser mais bem aproveitados. Sou nascido e criado em São Mamede de infesta, tenho um programa de rádio, dizem que é bastante ouvido e conhecido. Ao mesmo tempo ter uma boa relação com todas as freguesias, a começar com a freguesia de Matosinhos. Esse binómio é fundamental e não me parece que haja uma boa relação. Integrar nas estruturas da CM Matosinhos pessoas que nem sempre estiveram com ele. Eu sei que Guilherme Pinto é capaz disso e muito mais. Acho-o um pacificador e dialogante. Desta forma CM Matosinhos fica a seus pés enquanto ele quiser.
Pedro Brandão Correia