21/10/2010

Os poderes de um Presidente da República


O dia 23 de Janeiro de 2011 foi o dia escolhido por Cavaco Silva para que os portugueses façam a sua escolha no que concerne ao representante máximo da Nação.
Verificamos desde há algum tempo que diversos candidatos, numa tentativa de seduzir o voto do eleitorado, têm já feito intervenções que manifestam determinados rumos que pretendem tomar no desempenho das funções para as quais se candidatam. Esta postura é naturalmente expectável para um candidato mas no entanto o cidadão comum têm de ser capaz de filtrar as intenções dos candidatos que podem ser exequíveis e as que simplesmente não podem ser concretizadas.
Obviamente que o cidadão comum, descontente com a conjectura actual do País, tende a ver estas eleições como uma potencial tábua de salvação mas a verdade é que o nosso Presidente da Republica não dispõe de poderes executivos, sendo que apenas o Governo possui esta prerrogativa.
Entender o Presidente da Republica como um Messias que tomará providências que se reflectem em políticas governativas reais e visíveis no nosso dia-a-dia é pois uma falácia facilmente falsificável se tivermos em atenção os principais poderes do Presidente da República. O Sistema Político de Governo que temos é um sistema híbrido que se encontra entre o Sistema Presidencialista (como é o caso do sistema norte-americano, onde o Presidente dispõe do poder executivo) e o Sistema Parlamentar (que vigora na sua forma mais pura no Reino Unido, onde o Parlamento é a sede de poder). Ao contrário do Sistema Francês, que sendo um sistema híbrido apresenta uma matriz de forte inspiração presidencialista (daí a designação de sistema Semi -Presidencialista), o nosso sistema tem características predominant mente de um sistema Parlamentar (daí que a designação de sistema paraparlamentar seja a mais correcta) mas no entanto o nosso Presidente da Republica dispõe de dois poderes reais de extrema importância: o poder de dissolução do Parlamento e o poder de demissão do Governo.
Perante estes factos, verificamos que os principais poderes do Presidente da Republica podem influenciar decisivamente a vida política nacional mas no entanto o Presidente não dispõe de poderes executivos pelo que um discurso de um candidato não deve incidir sobre poderes que de facto não possui.

Mauro Martins

Doutorando em Ciência Política