27/10/2010

A CHAGA DA CORRUPÇÃO EM PORTUGAL


«No relatório anual da organização não governamental da Transparência Internacional intitulado «Índice de Percepção da Corrupção 2010», Portugal está entre os piores da Europa, ocupando o 19º lugar em 30, apenas à frente de Itália, Grécia, Malta e países do antigo Bloco do Leste.
Entre 178 países analisados pela Transparência Internacional (TI), Portugal surge na 32ª posição. A Somália, a Birmânia e o Afeganistão aparecem como os países mais corruptos do mundo, enquanto a Dinamarca, a Nova Zelândia e a Singapura ocupam as melhores posições.
Embora Portugal tenha subido lugar em relação a 2009, mantém um dos piores índices de percepção da corrupção da Europa ocupando o 19º lugar entre 30 países europeus apenas à frente de Itália, Grécia, Malta e países do antigo Bloco do Leste.»

Perante este relatório que dizer...? Que pensar...?
È evidente que, numa primeira abordagem, é fácil concluir que um dos "cancros" facilitadores de actos de corrupção tem a ver com a justiça e o seu mau funcionamento ou não funcionamento. Num País onde as leis parecem «herméticas», um aparelho de justiça que está um caos, a burocracia impera e um combate à corrupção apresentando resultados nulos ou praticamente nulos, conduz a que casos de corrupção ao mais alto nível e do mais diverso tipo cresçam cada vez mais ficando sempre na ideia uma sensação de impunidade perante os poderosos e que a corda normalmente rompe sempre para o lado do mais fraco. Senão vejamos: tantos casos com grande visibilidade nas mais variadas áreas....caso Portucale, caso Apito Dourado, caso Freeport, caso dos submarinos, caso BPN, caso BPP, Universidade Moderna, Universidade Independente, caso Isaltino Morais, caso Fátima Felgueiras, caso da Sucata, caso da compra da TVI etc. etc....tirando Oliveira e Costa , quem mais está preso preventivamente?...
O que impera é o chamado lucro fácil, o chico- espertismo e a tendência de crer que só se consegue sucesso pela via da trapaça e do tráfico de influências (a dita "cunha") . Quem não usar estes estratagemas é imediatamente de apelidado de ingénuo e de fraco. Tudo vale para se ter sucesso, tudo é permitido para que se tenha sucesso mesmo que as armas que se utilizam sejam para prejudicar terceiros. Perdeu-se o sentido ético dos valores e princípios e o rigor e a nobreza dos actos que conferem superior noção de responsabilidade e postura de Estado.Nada disso hoje é importante na sociedade em que nos inserimos, pois o que é importante é safarmo-nos nesta óptica do tudo ou nada, nem que para o "tudo" se recorram a processos menos lícitos - os fins justificam os meios!

Enquanto continuarmos a viver pensando e actuando desta maneira, com uma justiça que não funciona, com "culpados" que nunca são "culpados" e com leis completamente arredadas da realidade e cuja execução e cumprimento ou é morosa ou nunca acontece, continuaremos alegremente a estar na dianteira, sempre pelos piores motivos, nunca pelos melhores.


Daniel Braga