20/09/2010

MANUEL MARIA CARRILHO


Manuel Maria Carrilho soube hoje de manhã pela agência noticiosa Lusa que iria ser em breve dispensado do cargo de embaixador de Portugal junto da UNESCO. Não se faz a um dos melhores ministros da cultura do pós- 25 de Abril.

De acordo com a nova rotação diplomática, divulgada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, Carrilho será substituído pelo embaixador Luís Castro Mendes, esse foi o pretexto , pois esta semana,
Carrilho deu uma entrevista ao Expresso em que criticou «os optimismos bacocos» da política e defendeu «uma cultura do diálogo e da negociação política» , criticando projectos como o Magalhães e Novas Oportunidades .

A hipótese de o porem fora da UNESCO, nasceu no ano passado quando se recusou a votar o nome do candidato egípcio a director-geral da UNESCO, Farouk Hosni, contrariando a indicação do Governo português.

Manuel Maria Carrilho um ex-ministro de António Guterres , que teve uma acção preponderante nesse governo , é mais um que José Sócrates põe ao largo. Homem culto pugnou pelas gravuras de Foz Coa , lançou a rede de bibliotecas a nível nacional e recentemente elaborou a candidatura do Fado a Património Cultural Imaterial da UNESCO, etc., etc. .


Este professor universitário publicou crónicas no jornal francês Le Monde e nos nacionais Expresso, Público, Jornal de Letras, Artes e Ideias e Diário de Notícias .Distinguido várias vezes, recebeu a Medalha Picasso-Miró da UNESCO (1998), o European Archaeological Heritage Prize (1999), foi agraciado com a Gran Cruz da Orden de Merito Civil, por Juan Carlos de Espanha (1966), com a Grã-Cruz da Ordem do Rio Branco, por Fernando Henrique Cardoso (1997), e com a Grand Officier da Légion d' Honneur, por Jacques Chirac (1999).

Um homem de letras , um intelectual que merecia outro tratamento na vida política. Mas a saga continua - se não és por mim , és contra mim. Portugal dos medíocres convive mal com os bons e ficamos a perder um excelente representante na UNESCO.

É autor dos livros Razão e Transmissão da Filosofia (1987), Elogio da Modernidade (1989) Rhétorique de la Modernité (1992), Aventuras da Interpretação (1995), Rationalités (1997), Hipóteses de Cultura (1999), O Estado da Nação (2001) e O Impasse Português (2005.
Tem um novo livro « E Agora?» , recomendo a leitura, tece considerações sobre a crise.

JJ