O que se está a passar neste verão em termos de incêndios só pode ser surpresa para gente menos avisada ou irresponsável. Desde o início do ano que foram vários os alertas de responsáveis pelos bombeiros e diversas personalidades entendidas na matéria. Mas nem seria preciso, pois com um ano hidrológico mais pluvioso dos últimos 10 anos e temperaturas propícias ao estabelecimento de um coberto vegetal rico, estavam criadas condições à constituição de bom combustível para as chamas, se nada fosse feito.
No entanto, um desastre só acontece quando se conjugam vários factores em simultâneo, como foi o caso. Por um lado a negligência de um governo em não privilegiar a prevenção em detrimento do combate, não adoptando medidas adequadas, designadamente considerar os incêndios como uma guerra a evitar e como tal preparar a defesa com um exército que incluiria a inserção de desempregados, da protecção civil, do próprio exército (em vez de ir para o Afeganistão, etc.
Por outro lado, as alterações ao código penal que este governo tem introduzido são de bradar aos céus pelo facilitismo e irresponsabilidade latentes, que põe em liberdade responsáveis directos por atear de fogos de forma sistemática e por não responsabilizar os proprietários florestais, evidenciando uma imagem de impunidade.
A floresta portuguesa representa mais de 13% do PIB, é mal gerida, desordenada e negligenciada, quando deveria ser potenciada, até para contribuir mais para a riqueza nacional. Mereceria maior preocupação do governo. Mas não. O dinheiro que se gasta no combate às chamas, deveria gastar-se na prevenção, pois os resultados seriam melhores em todas as latitudes de avaliação.
Por isso, carpir lágrimas é choro de crocodilo e não basta o ministro vir a terreiro dizer que o combate tem sido eficiente. O que tem sido eficiente são as chamas a devorar a floresta e a incompetência anunciada.
Mário Russo
No entanto, um desastre só acontece quando se conjugam vários factores em simultâneo, como foi o caso. Por um lado a negligência de um governo em não privilegiar a prevenção em detrimento do combate, não adoptando medidas adequadas, designadamente considerar os incêndios como uma guerra a evitar e como tal preparar a defesa com um exército que incluiria a inserção de desempregados, da protecção civil, do próprio exército (em vez de ir para o Afeganistão, etc.
Por outro lado, as alterações ao código penal que este governo tem introduzido são de bradar aos céus pelo facilitismo e irresponsabilidade latentes, que põe em liberdade responsáveis directos por atear de fogos de forma sistemática e por não responsabilizar os proprietários florestais, evidenciando uma imagem de impunidade.
A floresta portuguesa representa mais de 13% do PIB, é mal gerida, desordenada e negligenciada, quando deveria ser potenciada, até para contribuir mais para a riqueza nacional. Mereceria maior preocupação do governo. Mas não. O dinheiro que se gasta no combate às chamas, deveria gastar-se na prevenção, pois os resultados seriam melhores em todas as latitudes de avaliação.
Por isso, carpir lágrimas é choro de crocodilo e não basta o ministro vir a terreiro dizer que o combate tem sido eficiente. O que tem sido eficiente são as chamas a devorar a floresta e a incompetência anunciada.
Mário Russo